Quando falamos de alergias todos pensamos em espirros, nariz a pingar, olhos vermelhos, tosse e comichão na pele. De facto, estas são algumas das manifestações mais frequentes e incómodas da reacção alérgica, reacção esta que é uma das consequências possíveis do funcionamento do nosso Sistema Imunológico - precisamente o sistema de células que nos defende dos numerosos micróbios e substâncias presentes nos alimentos que comemos, no ar que respiramos e naquilo em que tocamos. Essas substâncias (a que chamamos antigénios) são identificadas como estranhas ao nosso organismo pelo Sistema Imunológico, através de proteínas especiais que circulam no sangue e em todos os líquidos orgânicos - os anticorpos - ajudando a captar e eliminar os antigénios "invasores". Há cerca de 30 anos descobriu-se que as pessoas com alergia produzem um anticorpo especial - a imunoglobulina E (IgE) - e fazem-no para substâncias inofensivas, relativamente banais no ambiente: os alergénios (p. ex. pólens de plantas, componentes do pó da casa, alimentos como o leite ou os ovos). Uma vez produzida, esta IgE liga-se a células especiais (mastócitos) muito abundantes na pele e nas mucosas (o revestimento do aparelho respiratório e do tubo digestivo) "à espera" do seu alergénio. Quando o encontram, provocam a libertação imediata e explosiva de substâncias químicas dos mastócitos que provocam rapidamente (15 a 30 minutos) uma intensa inflamação e que origina os sintomas da alergia. Se a exposição a esse alergénio é intensa e muito prolongada essa inflamação, e a doença alérgica, pode tornar-se crónica e persistente.
A razão pela qual algumas substâncias desencadeiam alergias, e porque é que não o fazem em todas as pessoas não é ainda muito claro, mas a história de outras alergias na família (a chamada atopia) parece ser o principal factor predisponente. Possivelmente, a resposta estará nalguns genes que passam de pais para filhos e nalgumas condições do ambiente que favorecem a "proliferação" dos alergénios.
As alergias têm vindo a aumentar nas últimas décadas do século XX e actualmente, na Europa, cerca de 8 a 10% da população (mais de 24 milhões de pessoas) sofre de asma, sendo a rinite alérgica ainda mais frequente - 10 a 15% da população (mais de 35 milhões de europeus!). Em Portugal os estudos mais recentes demonstram que cerca de 11% das crianças entre os 6 e 14 anos e 5% dos adultos, sofrem de asma (i.e. pelos menos 500 mil portugueses) sendo o panorama da rinite igualmente pouco animador: 10% da população que acorreu aos Centros de Saúde no ano de 1998. A razão do aumento das doenças alérgicas, nomeadamente na população ocidental, com um nível sócio-económico relativamente desenvolvido, não está ainda esclarecido mas vários dados parecem apontar para o ambiente e para o estilo de vida "ocidental". A diminuição das infecções na primeira infância, pelo seu melhor controlo (vacinação, antibióticos) e melhores condições sanitárias, poderá fazer com que o Sistema Imunológico, menos "ocupado" com os micróbios e parasitas, se "volte" para os alergénios ambienciais que, à partida, seriam inofensivos para o indivíduo. Além disso, condições derivadas de um ambiente doméstico cada vez mais hermético (as crianças passam 90% do seu tempo dentro de portas!) e da alimentação (determinados ácidos gordos, conservantes e antibióticos que diminuem os micróbios normais do intestino) poderão também estar envolvidos.
Rinite alérgica. Nariz tapado, comichão, espirros e pingo no nariz, logo que o alergénio entra no nariz levado pelo ar.
Conjuntivite alérgica. Inchaço, vermelhidão e comichão de ambos os olhos, num determinado ambiente, local ou época do ano.
Asma. Tosse, falta de ar, chiadeira no peito, que surge subitamente, em determinados locais, após constipações, com o exercício ou no local de trabalho.
Dermatite atópica. Também chamada eczema, surge com vermelhidão, comichão, descamação da pele, p.ex. na face, dobras dos cotovelos ou joelhos.
Urticária. Outra alergia da pele, com manchas e pápulas que dão muita comichão. Os episódios são muitas vezes desencadeados por infecções, certos alimentos, medicamentos e stress.
Anafilaxia. É a forma mais aparatosa e grave da alergia. Surge em poucos minutos após o contacto com o que provoca a alergia (alimentos, penicilina, picada de abelha ou vespa, contacto com borracha - látex, etc.), com inchaço, calor, urticária, espirros, falta de ar e sensação de desmaio. Deve ser tratada de imediato.
Sinusite e otite média. Apesar de por si não serem doenças alérgicas, com muita frequência associam-se e complicam a rinite. A inflamação aguda ou crónica das cavidades em volta do nariz, atrás das maçãs do rosto, e dos ouvidos, é muitas vezes uma extensão da inflamação alérgica que, pela sua cronicidade, facilita as infecções.
A doença alérgica corresponde a um conjunto de células e substâncias químicas que envolvem vários órgãos do nosso corpo, frequentemente durante longos anos, e para a qual não há ainda um tratamento ou medicamento isolado, apesar dos grandes avanços que se fizeram no conhecimento e tratamento destas doenças. No entanto, o tratamento deve ser iniciado o mais cedo possível. O controlo eficaz da alergia implica a combinação de várias medidas: a identificação do(s) alergénio(s) envolvidos, minimizando o mais possível a exposição a estes, o uso combinado de diferentes medicamentos para diminuir os sintomas e, sobretudo, a inflamação crónica da alergia e, sempre que possível, utilizando-os localmente, junto do órgão que está mais envolvido (pulmões, nariz, pele, olhos).
A imunoterapia, também conhecida como vacinas para a alergia, poderá estar indicada para modificar o comportamento do Sistema Imunológico, diminuindo a reacção ao contacto com o alergénio, particularmente quando o doente está sensibilizado a um grupo limitado de alergénios, de eliminação difícil, e quando as medidas inicialmente adoptadas não estão a ser suficientes para controlar a doença. Dada a complexidade da "gestão" clínica destas doenças há médicos particularmente habilitados para o diagnóstico e tratamento das doenças alérgicas - os especialistas em alergologia e imunologia clínica ou imunoalergologistas.
O número de mães que amamentam os seus filhos tem vindo a crescer ano após ano. É que, salvo raras excepções, o leite materno é o leite ideal para o bebé. Como vantagens deste leite, temos os seguintes factores: o leite materno encontra-se à temperatura ideal e está sempre esterilizado. Para além disso, este leite tem a composição ideal e é de fácil digestão, conferindo protecção imunológica. Por estas razões, aconselha-se qualquer mãe a amamentar o seu filho, exceptuando-se situações pontuais nas quais o médico alertará a mãe para o facto.
A alimentação ao seio promove também o desenvolvimento da musculatura facial, contribuindo para o desenvolvimento correcto da fala, assim como para a segurança emocional, estreitando os laços emocionais entre mãe e filho. É de referir que, no primeiro ano, o bebé pode triplicar o seu peso de nascimento, podendo a altura aumentar em 50 por cento. Com um ano, o seu cérebro já terá alcançado dois terços do seu volume definitivo.
Se, por qualquer motivo, não for possível amamentar o bebé, existe uma grande variedade de leites dietéticos, os quais serão indicados pelo pediatra, a fim de satisfazer as necessidades em cada momento do seu crescimento. Neste caso, contará com a ajuda de um biberão, escolha o mais adequado ao seu bebé.
É importante seguir as instruções indicadas nas embalagens dos leites dietéticos, respeitando as proporções de água e de leite em pó.
Caso não se respeitem as quantidades, pode-se preparar um biberão demasiado diluído, que fará com que o bebé não receba uma quantidade suficiente de alimento. Por outro lado, se adicionar mais leite em pó do que o recomendado para uma determinada quantidade de água, corre o rico de provocar uma desidratação.
Antes de se dar o biberão ao bebé, deve verificar-se o furo da tetina. O conteúdo do biberão deve cair gota a gota, sem ter de ser agitado, mas não deverá correr em fio, porque o bebé poderá tomar o leite demasiado depressa e engolir ar, provocando engasgos e regurgitação.
Deve-se ter muito cuidado com a temperatura da água, para evitar dar um biberão demasiado quente. Poderá verificar a temperatura deixando cair algumas gotas sobre as costas da mão. Também não se deve dar leite a uma temperatura fria, podendo-se aquecer colocando o biberão em água quente até atingir a temperatura desejada.
Durante a administração do biberão, deve manter o bebé bem inclinado de modo que a tetina fique cheia de leite, evitando deste modo, que o bebé engula ar. Deve também, de vez em quando, deixar respirar o bebé para eliminar o ar ingerido. No fim da refeição, coloque o bebé sobre o ombro para expulsar o ar, sendo por vezes necessárias umas palmadinhas nas costas para ajudar.
Os leites dietéticos são concebidos de modo a igualar a composição do leite materno, por forma a fornecer proteínas de alto valor biológico, para desenvolvimento dos músculos; lipídios ricos em ácidos gordos essenciais, para desenvolvimento das células nervosas e do cérebro; ferro, indispensável à formação dos glóbulos vermelhos presentes no sangue; cálcio, fundamental para o crescimento dos ossos, e vitaminas, para fortalecer e regular o organismo.
Os leites dietéticos têm várias fórmulas, consoante as indicações do médico. Existem ainda leites especialmente concebidos para corrigir estado de obstipação, cólicas e regurgitação. Aconselhe-se com o seu médico, fale com o seu farmacêutico.
Fazer uma alimentação correcta e equilibrada, é fundamental para viver uma gravidez saudável.
O cumprimento de regras de nutrição durante esse período, permitem:
A importância das proteínas durante a gravidez.
A digestão das proteínas fornece ao corpo os aminoácidos. É a partir deles que o organismo vai formar novas proteínas. Na gravidez, as proteínas são absolutamente fundamentais. A formação de novos tecidos na mulher (placenta) e o desenvolvimento de outros (útero, mamas), pressupõe a satisfação das necessidades diárias destes nutrientes.
Fontes de proteínas.
O ideal é variar as fontes de proteínas (animais e vegetais), deste modo:
A importância dos lípidos durante a gravidez.
Fornecem energia à grávida e ao feto. Este usa-a para o seu crescimento enquanto a futura mãe armazena a energia sob a forma de gordura. Mais tarde, no 3º trimestre, servirá para assegurar o incremento das necessidades energéticas e, se for caso disso, para o período de aleitamento.
Os ácidos gordos essenciais são decisivos para o desenvolvimento e funcionamento do sistema nervoso e para os órgãos em geral. Destacando-se duas famílias de ácidos gordos essenciais, ambas importantes: Ómega 3 e Ómega 6.
Funçóes dos Ómega 3 na gravidez
Fonte de vitaminas
Os lípidos asseguram o transporte de 4 vitaminas - as lipossolúveis: A, D, E e K.
Necessidades de lípidos na gravidez
Deverão constituir cerca de 30% das gorduras totais, ou seja, 60 - 80 gramas/dia. Estes valores poderão ser ultrapassados se for muito activa ou muito magra. Pelo contrário, se tem excesso de peso, deverá controlar a sua ingestão, fale com o seu médico ou farmacêutico.
Fontes de lípidos
Consideram-se aqui duas classificações para as fontes de lípidos:
A importância da glicose durante a gravidez.
A glicose constitui a base de todos os glícidos. É a ela que o embrião e o feto recorrem para assegurar a maior parte das suas necessidades energéticas - e estas são consideráveis, atendendo a que o crescimento e a maturação do bebé são processos bastante exigentes do ponto de vista energético. Quando o consumo de alimentos ricos em glícidos é baixo ao longo da gravidez, o recém-nascido corre o risco de nascer com défice de peso.
Necessidades em glícidos na gravidez.
Os glícidos deverão constituir cerca de 50 - 55% do contributo calórico diário. Esta quantidade deveria ser aumentada, no mínimo, para 200 mg por dia; pode atingir 350 g, em particular nas grávidas magras, ao início (porque têm poucas reservas), ou naquelas que tenham uma actividade intensa (porque com a prática de exercícios a grávida consome mais energia).
Fontes de glícidos
Em detrimento dos glícidos simples (os alimentos doces), devem escolher-se os glícidos complexos: batatas, legumes secos e cereais (cereais de pequeno-almoço, pão, flocos de trigo, milho, sêmola, arroz, massa, etc.).
Os glícidos complexos caracterizam-se pela sua assimilação lenta durante a digestão, com as diversas vantagens que daí podem resultar:
A importância das fibras durante a gravidez.
Necessidade de fibras na gravidez
Recomenda-se a ingestão de pelo menos dois pratos de legumes e de frutos diariamente.
Fontes de fibras
Contêm fibras os alimentos de origem vegetal, em particular:
Para optimizar os efeitos benéficos das fibras, é bom que se consumam a todas as refeições. Ao variar os alimentos, está a diversificar-se também a natureza das fibras, tirando partido das vantagens particulares de cada uma delas.
A importância dos minerais durante a gravidez.
Cálcio
O cálcio é o constituinte essencial de ossos e dentes. Além disso, desempenha outras funções no organismo importantes ao nível actividade do coração e na coagulação do sangue, bem como no regular funcionamento dos músculos e do sistema nervoso.
A formação dos ossos e dentes da criança requerem a fixação de cerca de 30 g de cálcio, o que se desenrola em duas etapas:
É claro que o organismo da grávida está preparado para esta transferência de cálcio, evitando a sua própria descalcificação. Este processo fragilizaria os ossos, provocando riscos de fractura nos meses a seguir ao parto; daí a importância de se ter uma alimentação mais rica em cálcio durante a gravidez.
Necessidades de cálcio na gravidez
Quantidades demasiado baixas de cálcio comportam riscos, especialmente para o esqueleto materno e o da criança. Inversamente, quantidades exageradamente elevadas podem acarretar malefícios, como aparecimento de problemas urinários e diminuição da assimilação de outros minerais.
A recomendação é de 1200 mg de cálcio durante os períodos de gravidez e aleitamento, um aumento razoável em relação aos 800 de que necessitam os adultos.
Fontes de cálcio
Pode-se encontrar cálcio quer no leite e seus derivados, quer noutros alimentos.
1. leite e seus derivados
O leite é mais rico em cálcio que o iogurte: para se conseguir a mesma quantidade de cálcio que se obtém com um copo de leite (250 ml), é preciso consumir 2 a 3 iogurtes.
2. Leite especial Mamãs
Actualmente existem leites mais adequados às fases de gravidez e amamentação, que dão resposta às acrescidas necessidades alimentares destes períodos. São os Leites para Mamãs, caracterizados por serem:
3. Outros alimentos
Os outros alimentos não só têm menos cálcio como existe a dificuldade, por parte do organismo, em o aproveitar. De facto, estes alimentos têm substâncias designadas por fitatos e oxalatos que dificultam a absorção do cálcio. De facto o leite é a melhor fonte de cálcio.
Ao longo dos 6 meses que se seguirão ao desmame da criança, o organismo da mulher é capaz de assimilar melhor o cálcio da alimentação e recalcificar os ossos. Deve-se aproveitar essa predisposição, que é vantajosa, para continuar a consumir alimentos ricos em cálcio.
Magnésio
Este mineral tem uma função muito importante ao nível das células, em particular nos ossos, músculos e sistema nervoso. É indispensável à utilização de energia pelas células, à síntese e à renovação das proteínas.
O magnésio relaxa as artérias e o útero durante a gravidez, o que é vantajoso para contrariar o aumento da pressão arterial e as contracções inadequadas do útero.
Necessidades de magnésio na gravidez
Aumentam cerca de 50% na gravidez passando de 330g para 480 g.
Fontes de magnésio
Se se come de tudo sem restrições, há necessidades deste mineral estão provavelmente, satisfeitas. Devendo ser escolhidos aqueles alimentos que têm poucas calorias por miligrama de magnésio.
Existem 3 casos em que terá interesse em privilegiar alimentos ricos em magnésio:
Alimentos e bebidas ricos em magnésio
Alguns cereais: trigo, cevada e aveia ; Mariscos ; Cenoura; Arroz; Leite; Leguminosa e Frutas como Laranja ameixa, banana, cerejas e pêra.
Ferro
O ferro é indispensável para que o organismo possa respirar, uma vez que este mineral faz parte da hemoglobina, uma proteína que transporta o oxigénio dos pulmões para as células. Além dessa função, o ferro desempenha outras junto do do fígado, no cérebro, na luta contra as infecções, etc..
Durante a gravidez, o feto cria as suas próprias reservas de ferro, que usará ao longo da vida intra-uterina e nos primeiros meses após o nascimento. Por outro lado, para que haja um bom desenvolvimento da gravidez e maximização da capacidade de trocas entre a futura mãe e o bebé, o volume sanguíneo da mãe e a sua quantidade de hemoglobina terão naturalmente de aumentar.
Por estas razões, as necessidades de mãe e filho, será necessário consumir alimentos ricos em ferro. O mais frequente é o médico prescrever ferro durante a gravidez.
Factores de risco que podem induzir à deficiência de ferro
Necessidade de ferro na gravidez
Durante a gravidez, os organismos da mãe e do bebé devem armazenar, diariamente, as seguintes quantidades de ferro:
1º trimestre: 0,8 mg;
2º trimestre: 4,4 mg;
3º trimestre: 6,3 mg.
Para ir ao encontro dos valores acima referidos, é necessário que a alimentação, durante a gravidez, proporcione 6 vezes mais ferro (isto é 20 - 30 mg desde o segundo trimestre), uma vez que apenas de 15% do ferro proveniente da alimentação consegue, durante a digestão, atravessar a parede do intestino e chegar ao organismo da grávida, logo, ao do feto.
Fontes de ferro
Os alimentos ricos em ferro são sobretudo as miudezas (fígado e rins), carnes e peixes, bem como em certos legumes. Tão importante como saber qual a quantidade de ferro no alimentos, é a facilidade que possuem em ser assimilados pelo organismo.
Quanto a isso, as diferenças entre o ferro de origem animal e o de origem vegetal são grandes. O organismo apenas consegue assimilar cerca de 5% do ferro dos legumes ou dos cereais; o resto (mais de 90%), é evacuado pelas fezes. Em compensação, 15% do ferro de origem animal, em especial o que é proveniente da carne e do peixe, é assimilado pelo organismo.
Zinco
Este mineral intervém em numerosos processos ao nível da constituição e funcionamento das células e desempenha um papel muito importante na defesa do organismo contra os micróbios.
Fontes de zinco
Carnes (principalmente vermelhas);
Peixes;
Legumes secos;
Alimentos de origem cerealífera: massa, pão, arroz, etc..
A importância das vitaminas durante a gravidez.
Vitamina A
A vitamina A tem um papel muito importante na capacidade de diferenciação dos tecidos do bebé, no que toca à formação de órgãos diferentes e eficientes: pulmões, fígado, estômago, intestino, rins e bexiga.
A vitamina A intervém ainda de modo importante na reprodução, bem como na qualidade de certas funções do organismo: visão, estado da pele, defesa contra as infecções.
Necessidade de vitamina A durante a gravidez
Na gravidez, as necessidades de vitamina A são 1000 UI (Unidades Internacionais) por dia, as mesmas que anteriormente.
Normalmente, nos países desenvolvidos não existem carências desta vitamina. Não é preciso ingerir vitamina A todos os dias. O corpo tem a capacidade de reservar a vitamina A dos dias em que se regista excesso de consumo, para aqueles em que o consumo é mais fraco e não atinge as necessidades diárias.
Fontes de vitamina A
A vitamina A que funciona no organismo da mulher e do feto tem duas origens:
Ácido Fólico ou Vitamina B9
O ácido fólico desempenha um papel de vital importância quando as células têm necessidade de se multiplicar rapidamente.
Todos os órgãos do bebé estão em crescimento rápido (devido ao seu desenvolvimento fenomenal ao longo dos nove meses de gravidez). Este só se pode efectuar de forma adequada (sem ocorrerem malformações) se o fornecimento de ácido fólico for assegurado.
As necessidades de ácido fólico durante a gravidez elevam-se a 0,40 mg/dia.
Fontes de acido fólico
Vitamina D
A vitamina D facilita a assimilação do cálcio e reduz a sua perda pela urina. É importante na formação dos ossos e dentes da criança.
As necessidades de vitamina D na gravidez passam de 400 UI no adulto para 800 UI na grávida e na amamentação.
Fontes de vitamina D
Numa alimentação normal deverão ser asseguradas as quantidades necessárias de vitamina D.
Esta encontra-se presente, sobretudo, nos peixes gordos (atum, cavala, salmão), leite e derivados, ovos, aves.
A exposição moderada ao sol habilita o organismo a sintetizar esta vitamina.
Vitaminas do complexo B
As necessidades destas vitaminas aumentam apenas ligeiramente na gravidez. São facilmente satisfeitas praticando uma alimentação diversificada onde se incluam cereais, legumes, carne, peixe, laticínios e ovos.
Quanto às carências sabe-se que:
O colesterol desempenha um papel útil para a grávida. É ele que garante que o colesterol e ácidos gordos essenciais chegam ao bebé. Portanto, os valores da colesterolémia (colesterol no sangue) aumentam na gravidez, mas isso normal. Só representa uma preocupação se a mulher, já antes da gravidez, sofrer de excesso de colesterol significativo e hereditário, a denominada hipercolesterolémia familiar. Nesse caso o médico poderá optar por um regime alimentar para que o nível de colesterol não aumente mais 20%.
As indicações médicas devem ser acatadas porque um regime feito durante a gravidez pode conduzir a deficiências de lípidos na dieta e consequente carência de vitaminas e ácidos gordos essenciais, vitais para o correcto desenvolvimento do bebé.
Uma alimentação correcta e equilibrada é um dos factores mais relevantes para o desenrolar de uma gravidez saudável. Certos erros alimentares cometidos sistematicamente desencadeiam alterações perniciosas e graves na saúde do seu bebé.
Eliminar o pequeno-almoço
Saltar o pequeno-almoço é um hábito péssimo e perigoso. Ao fazê-lo está a expor o seu bebé, que necessita de um fornecimento contínuo de energia, a um período de jejum extremamente prolongado de cerca de 16 a 18 horas.
Coma bem ao pequeno-almoço assegurando:
Fazer dieta
A gravidez não é a ocasião adequada para encetar um regime restritivo, a não ser que este seja, por razões concretas, recomendado pelo médico. As dietas poderão provocar insuficiências nas necessidades calóricas e/ou em nutrientes específicos de que poderão resultar graves consequências para o seu bebé, como aborto espontâneo ou morte neonatal.
Não respeitar as recomendações do seu médico
As regras na alimentação estabelecidas na gravidez pretendem cumprir propósitos muito concretos no que diz respeito quer à satisfação das necessidades qualitativas e quantitativas da grávida quer à manutenção do seu peso. O não cumprimento daquelas poderá provocar consequências muito graves para a manutenção da saúde do bebé.
Comer por dois
O objectivo não é este. Há 50 anos ainda se afirmava que a mãe deveria comer bastante, o que se traduzia em aumentos de peso da ordem dos 20-25 Kg, ocasionando importantes perturbações na saúde materna e infantil. Esta frase para si não deve senão traduzir a responsabilidade de fornecer ao seu bebé alimentos variados em quantidades apropriadas.
Incluir o álcool
O álcool é uma substância calórica e sem interesse nutritivo que pode causar lesões graves ao feto. Não deverá estar presente.
Exagerar no sal
É necessária apenas uma pequena quantidade de não mais que 5g no final da gravidez. Não necessitará de aumentar porque este está presente na alimentação. Evite alimentos salgados, águas mineralizadas e seja suave no tempero.
O excesso de sal pode ocasionar retenção de água e, por vezes, edemas. Parece favorecer a HTA (hipertensão arterial) se existe predisposição.
Copiar as necessidades da sua amiga grávida
As recomendações calóricas e nutricionais são susceptíveis de se adequar às necessidades da maioria das gestantes, mas não podem ser interpretadas como iguais para todas. De facto as necessidades de cada pessoa variam com numerosos factores: peso, idade, actividade, etc.. Assim, deverá consultar o seu médico obstetra.
Consumir alimentos com açúcares simples
Açúcar refinado, mel, adoçantes artificiais, doces em geral (biscoitos, bolachas, gelados) e chocolates, fruta de conserva, condimentos que contenham açúcar (maionese, molhos, etc.) deverão ser eliminados porque aumentam a circulação de açúcar e de insulina o que provoca o seu armazenamento sob a forma de gordura. Não proporcionam fornecimento contínuo de energia.
Eliminar líquidos
Tendo em consideração o aumento do volume sanguíneo e dos fluidos, é importante que garanta líquidos, principalmente água ou sumos naturais de fruta. Adeque a sua ingestão de sal.
Abusar de certos alimentos
Para além do álcool o café e o chá (em grandes quantidades), produtos de charcutaria e enchidos, alimentos fumados, comidas muito condimentadas, frituras e guisados também não devem ser consumidos durante a gestação e amamentação. Evite também as gorduras de origem animal, excepto manteiga (dada a sua riqueza vitamínica). Não cozinhe com óleos de tempero.
Descuidar o peso
Não o deve fazer. As alterações significativas do peso terão repercussões nefastas e graves para a saúde do seu bebé. A obesidade é um risco que não deve correr.
A prisão de ventre experimentada por muitas mulheres durante a gravidez está relacionada com o abrandamento do trânsito intestinal que ocorre. Destacam-se três causas causas:
A progesterona está a actuar sobre os músculos intestinais, tornando-os mais lentos; ~
Inactividade a que muitas mulheres se submetem neste período predispondo, assim, a lentidão do trânsito;
O feto comprime o intestino e dificulta a progressão do conteúdo intestinal.
Como melhorar o trânsito intestinal?
Geralmente os casais planeiam cuidadosamente a chegada dos filhos; Que sejam saudáveis, é sempre o maior desejo; neste aspecto concreto, o papel da futura mãe pode ser decisivo: Esta tem de preparar o seu organismo para a gravidez.
Dietas de emagrecimento
Iniciar uma dieta injustificada, não vigiada ou radical, pode desencadear consequências nefastas:
Perante um excesso de peso (IMC superior a 25) ou obesidade (IMC superior a 30), recomenda-se uma dieta equilibrada, concebida e supervisionada pelo médico.
Regimes para ganhar peso
Magreza excessiva é potencial inimiga da gravidez saudável.
Se o IMC (índice de massa corporal) é inferior a 20, a mulher fica exposta a diversos perigos, que são tanto mais pronunciados quanto menor for o IMC:
O médico obstetra saberá qual o procedimento a adoptar nestas circunstâncias.
Alimentação versus método contraceptivo
O método contraceptivo adoptado pode interferir no equilíbrio alimentar.
O uso de DIU geralmente aumenta a duração e volume do fluxo e por esse motivo, predispõe a carência de ferro. Por outro lado, a contracepção oral é susceptível de provocar carência das vitaminas B6, B9 (ou ácido fólico) e B12, pelo que se deve privilegiar alimentos ricos nestas vitaminas no trimestre que precede a contracepção.
Livre-se dos tóxicos
Todas as substâncias tóxicas, como o álcool e alguns medicamentos, devem ser suprimidas. Fale com o seu médico ou Farmacêutico.
A roda dos alimentos é formada por seis grupos distintos consoante as suas características nutricionais. Todos os alimentos essenciais de cada grupo precisam de entrar na alimentação do idoso. No entanto, estes têm muitas vezes dificuldades de mastigação devido à falta de dentes, à diminuição das secreções digestivas e à hipotonia do aparelho digestivo.
Para além disso, há que escolher alimentos que assegurem a ingestão e aproveitamento óptimo dos nutrientes necessários em condições patológicas frequentes, como perturbações digestivas e da motilidade gastro-intestinal e do metabolismo intermediário, que se acompanham de estados de hipoacidez ou anacloridria, gastrite crónica, diminuição de enzimas pancreáticas e intestinais, irrigação insuficiente por arterosclerose ou insuficiência cardíaca, atrofia da parede intestinal de forma a corrigir ou compensar os efeitos da absorção e mal nutrição secundária.
Os hábitos alimentares, muito difíceis de corrigir nestas idades por estarem profundamente arreigados, contribuem quase sempre para dificultar as tarefas de estabelecimento da alimentação racional das pessoas idosas, sem entrar em linha de conta com os casos de doença específicas, como diabetes, hipertensão e aterosclerose.
A orientação geral na escolha dos alimentos deve assentar nas seguintes normas, indicadas para cada um dos grupos da roda dos alimentos.
O leite deve ser meio gordo ou magro, e o queijo de preferência com menos de 45 por cento de gordura ou fresco pasteurizado.
São recomendados a carne magra (frango, coelho, vitela), o peixe branco (pescada, bacalhau fresco, faneca, peixe espada, linguado, solha ou equivalente) e os ovos (não mais de 3 por semana).
Dê preferência ao azeite e óleos alimentares.
O pão de mistura manterá o primeiro lugar, complementado com arroz, massa e outras formas de consumo de cereais (farinhas e flocos).
Todos os vegetais verdes, a batata e os frutos de fácil digestão e bem maduros são indispensáveis.
Prefira a água, mas não suprima bruscamente o vinho e o café. O chá e as bebidas alcoólicas fermentadas fracas, em quantidade moderada, podem tornar-se úteis, por promoverem a secreção de sucos digestivos.
Necessidades calóricas
As necessidades calóricas diminuem de 20 a 25 por cento entre os 50 e os 65 anos. Depois desta idade, diminuem cinco a dez por cento em cada 10 anos. Por este motivo, é essencial reduzir o consumo de calorias não nutritivas, como o açúcar, o álcool ou a gordura.
Por vezes, o idoso necessita de uma maior ingestão calórica para que as suas necessidades sejam asseguradas, como por exemplo em situações de incapacidade ou de anorexia.
Assim, uma eventual má nutrição pode ser evitada dando-se atenção aos alimentos de pouco volume e calorias concentradas que sejam ricas em proteínas, vitaminas e minerais, e que são preparados de um modo saboroso.
Os alimentos de baixo valor calórico devem ser escolhidos com cuidado, pois devem conter todos os elementos essenciais nas devidas proporções. Há uma necessidade evidente de alimentos com alto teor de proteínas, minerais e vitaminas.
A redução da taxa calórica implica a difícil tarefa de alterar hábitos alimentares, que nas pessoas idosas são, em geral, tão arraigados que se torna difícil mudá-los, a menos que o caminho para esta mudança se torne facilitado.
Necessidades proteicas
O aporte proteico não deve exceder 12 a 15 por cento das calorias, mas deve assegurar os ácidos aminados essenciais, em particular a Lisina, a Metionina e o Triptofano. No entanto, há que ter em atenção que os idosos adoecem mais frequentemente. Como a doença causa uma perda proteica significativa no organismo, as dietas planeadas para idosos devem possuir uma margem de segurança.
A carência proteica do idoso surge sobretudo por carência de aporte devida a factores económicos e sociais, estados depressivos, anorexia, mau estado de dentição, entre outros factores.
Necessidade lipídicas
É bem conhecida a relação que existe entre a gordura do regime alimentar e os níveis de Colesterol, assim como a relação deste com a arteriosclerose. Assim, as gorduras devem manter-se na proporção de 25 a 30 por cento das calorias, sobretudo de origem vegetal (azeite e óleos alimentares ricos em ácidos gordos mono e polinsaturados), reduzindo ao máximo as de origem animal (manteiga, banha, enchidos, gema de ovo) e com colesterol alto.
Necessidades de hidratos de carbono
Os hidratos de carbono constituem uma fonte importante de energia, indispensável para a actividade muscular. Para além disso, favorecem a utilização dos aminoácidos. Deve-se administrar ao idoso quantidades adequadas de hidratos de carbono, para que a glicémia se mantenha dentro dos valores normais.
Os hidratos de carbono devem ser administrados sob a forma de hidratos de carbono complexos representados pelos amidos, pois a absorção destes é lenta na medida em que eles devem ser previamente submetidos à digestão enzimática que os reduzirá a moléculas de glicose. Estão presentes em muitos alimentos de origem vegetal. Os hidratos de carbono devem representar 50 a 60 por cento do valor calórico total.
Necessidade de Vitaminas
Não há dados científicos de que as necessidades vitamínicas diminuam com a idade. Por este motivo, é seguro afirmar que as pessoas idosas necessitam de todas as vitaminas da mesma forma que quando mais jovens, em especial a vitamina A, as vitaminas do complexo B e vitamina C. A melhor maneira de assegurar o aporte de vitaminas diário está na dieta variada. Quando não estiver seguro, utilize produtos farmacêuticos polivitaminados de tipo geriátrico.
Saiba a que se devem as principais carências vitamínicas do idoso:
- Vitamina D: A carência desta vitamina surge principalmente devido a dois factores: a falta de exposição ao sol e os regimes alimentares monótonos.
- Vitamina B1: A carência desta vitamina surge devido a uma alimentação pouco diversificada ou ao abuso de açúcares refinados.
- Vitamina B12: A carência desta vitamina pode levar a uma situação comum no idoso, a anemia.
- Vitamina C: A carência desta vitamina surge devido a regimes pobres em vegetais e frutas.
- Vitamina E:Esta carência surge quando a relação entre a vitamina E e os ácidos gordos polinsaturados não é adequada.
Necessidades de Minerais
Os minerais precisam de ser fornecidos em quantidades semelhantes às do adulto.
Destes, a atenção vai essencialmente para o cálcio e ferro, para além do sódio e do iodo.
- Cálcio: São necessários 800 mg deste mineral por dia. Nos casos de Osteoporose, as necessidades situam-se á volta de 1000 mg/dia.
- Ferro:As necessidades de ferro aumentam para os idosos. Na mulher, diminuem muito depois da menopausa, tornando-se iguais às dos homens. Ainda assim, são conhecidos os estados frequentes de anemia nestas idades. Estas anemias resultam, por um lado, de uma alimentação inadequada (regime alimentar monótono desprovido de alimentos ricos em ferro, como a carne, os ovos, os cereais e os legumes verdes) e, por outro lado, devido a uma má absorção hipoloridria.
- Iodo:É um elemento importante a considerar, pois a sua falta ocasiona frequentemente estados de hipotiroidismo nas pessoas idosas.
- Sódio: A sua restrição é conveniente pelas suas relações com a hipertensão e com a insuficiência cardíaca. O regime alimentar não deve conter mais de 4 gr de sal comum por dia.
Necessidade hídricas e de fibras
Os idosos necessitam de quantidades adequadas de líquidos e de fibras, a fim de evitar a obstipação, uma queixa comum entre os indivíduos nesta faixa etária.
No idoso, há uma desproporção de fluidos, pelo que, há uma tendência à desidratação. Assim, há que ingerir líquidos em quantidades suficientes, mas tendo o cuidado de não os dar só às refeições. O aporte hídrico deverá assegurar uma diurese mínima de1,5 l por dia.
Para pacientes febris, com vómitos, diarreia ou poliuria há uma maior necessidade de líquidos, assim como para os idosos que utilizam diuréticos. O mesmo acontece nos ambientes quentes, que trazem uma maior necessidade de líquidos.
Quanto á fibra, uma dieta normal contendo frutas, vegetais e cereais fornece uma dieta adequada neste elemento para a maioria das pessoas.
As refeições na terceira idade devem ser pouco abundantes e repartidas, por forma que cada uma não sobrecarregue demasiado o estômago do idoso. À medida que aumenta a idade, a tendência será para que as refeições se tornem isocalóricas e com intervalos de cerca de 2,30 a três horas. Estas refeições devem ser preparadas para facilitarem a mastigação e permitirem uma fácil digestão, evitando a utilização de condimentos fortes e de gorduras em excesso e muito aquecidas.
Para além disso, as refeições devem ser atractivas em termos de aspecto, de paladar e de consistência a fim de que estimulem o apetite.
Em termos de nutrientes, para idosos, deve preparar refeições pobres em gorduras sólidas e de origem animal e ricas em proteínas de origem animal, metade das quais devem ser provenientes de produtos lácteos.
O idoso deve ir buscar as vitaminas e minerais aos alimentos do GRUPO V da roda dos alimentos (vegetais, hortícolas, batatas, frutos), pois estes alimentos são facilmente digeríveis. As fibras podem ser adquiridas à custa do pão de mistura e de alimentos do GRUPO IV (vegetais secos, cereais e derivados, leguminosas secas, açúcar e cacau)
Aspectos a ter em conta na preparação
Ao organizar o regime alimentar de um idoso, deve ter em conta os seguintes factores. A má dentição, ou utilização de defeituosa prótese dentária, exige o emprego de alimentos apropriados e com uma textura adequada (cozedura suficiente, fraccionamento ou picado, ralado, etc.). Poderá também optar por preparações dietéticas ou produtos homogeneizados, os quais, podendo dar satisfação completa nos aspectos dietéticos, fale com o seu farmacêutico.
Tenha também em conta que, no idoso, é muito frequente a obstipação, ocasionada, por um lado, pela atonia do tubo digestivo e pela diminuição das secreções digestivas e, por outro lado, pela falta de fibra. Esta falta de fibra obriga ao cálculo da quantidade de fibra fornecida pelos GRUPOS IV e V e dos alimentos mais indicados (pão de mistura, vegetais verdes, e frutos) para se conseguir um equilíbrio em fibra.
As dislipidémias (ou formas estabelecidas de ateroscleroses e outras perturbações degenerativas), nas quais a nutrição desempenha papel fundamental, dependem de desequilíbrio entre hidratos de carbono e gorduras, do excesso destas ou dos seus ácidos gordos saturados e colesterol, do consumo excessivo de açúcar e de álcool, que as pessoas idosas aceitam inadvertidamente.
O idoso pode consumir cinco a seis refeições diárias. O processo de preparação mais indicado é a cozedura, sob a forma directa ou estufado em cru, bem como grelhados ou ainda assados. A sopa deve manter-se insubstituível à semelhança do indicado para a idade adulta.
É uma doença do cérebro de causa desconhecida, de instalação insidiosa, com agravamentos progressivos, lentos e irreversíveis. Começa por aniquilar a memória e, subsequentemente, as outras funções mentais, determinando completa ausência de autonomia. Os doentes tornam-se incapazes de realizar qualquer tarefa, perdem-se, deixam de reconhecer rostos familiares, ficam incontinentes e acabam, quase sempre, acamados, sobrevivendo entre 2 a 15 anos. A doença está muito relacionada com a idade e, em geral afecta pessoas com mais de 50 anos.
O tratamento da DA tem dois aspectos: um inespecífico, por exemplo, de alterações de comportamento como agitação e agressividade, do humor como depressão, que não deve ser feito apenas com medicação mas também com orientação por diferentes profissionais da saúde. O tratamento específico é feito com drogas que podem corrigir o desequilíbrio químico no cérebro como a Tacrina, Donepezil, Rivastiigmina, Metrifonato, Galantamina, ext. este tratamento funciona melhor na fase inicial da doença e o efeito é temporário, pois a DA continua a progredir.
Não há um teste específico que estabeleça de modo inquestionável a doença. O diagnóstico certo da DA só pode ser feito por exame do tecido cerebral obtido por biópsia ou necropsia. Deste modo, o diagnóstico da Doença de Alzheimer é feito excluindo outras causas de demência pela história (depressão, perda de memória associada a idade), exames de sangue (hipotireoidismo, deficiência de vitamina b), tomografia ou ressonância (múltiplos infartos, hidrocefalia) e outros exames. Existem alguns marcadores, geralmente identificados a partir de exame de sangue, como a apolipoproteina E (APOE), cujos resultados podem mostrar hipóteses de vir a ter a DA. São úteis em pesquisa, mas não servem para o diagnóstico individual. É claro que isso não impede que marcadores mais sensíveis venham a surgir no futuro.
A causa da doença de Alzheimer ainda não é conhecida. Existem várias teorias, porém, aceita-se que seja uma doença geneticamente determinada, não necessariamente hereditária (transmissão entre familiares).
No começo são os pequenos esquecimentos, normalmente aceites pelos familiares como parte do processo normal de envelhecimento, que se vão agravando gradualmente. Os pacientes tornam-se confusos e por vezes agressivos, passando a apresentar alterações da personalidade, com distúrbios de conduta e acabam por não reconhecer os próprios familiares e até a si mesmos quando colocados frente a um espelho. À medida que a doença evolui, tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros, iniciam-se as dificuldades de locomoção, a comunicação inviabiliza-se e passam a necessitar de cuidados e supervisão integral, até mesmo para as actividades elementares do quotidiano como alimentação, higiene, vestuário, etc..
A grande arma para enfrentar a doença é a informação associada à solidariedade. À medida que os familiares conhecem melhor a doença e sua provável evolução, vários recursos e estratégias podem ser utilizados com sucesso. É fundamental que os familiares saibam que há sempre alguma coisa que se pode fazer. É sempre possível melhorar a qualidade de vida dos pacientes e dos seus familiares. Existem doenças incuráveis, porém não existem pacientes "intratáveis".
A doença de Alzheimer é uma doença progressiva, de causa e tratamentos ainda desconhecidos que acomete preferencialmente as pessoas idosas. Estima-se que em Portugal existam cerca de 70 mil pacientes. Foi descrita pela primeira vez pelo médico Alois Alzheimer. em 1907. Essa doença é erradamente conhecida pela população como ´´arterioesclerose´´. É uma forma de demência cuja causa não se relaciona com a circulação ou com a arterioesclerose. É devida a morte das células cerebrais que leva a uma atrofia do cérebro.
1. Perda de memória
É normal esquecer ocasionalmente reuniões, nomes de colegas de trabalho, números de telefone de amigos, e lembrar-se deles mais tarde. Uma pessoa com a Doença de Alzheimer esquece-se das coisas com mais frequência, mas não se lembra delas mais tarde, em especial dos acontecimentos mais recentes.
2. Dificuldade em executar as tarefas domésticas
As pessoas muito ocupadas podem temporariamente ficar tão distraídas que chegam a deixar as batatas no forno e só se lembrarem de as servir no final da refeição. O doente de Alzheimer pode ser incapaz de preparar qualquer parte de uma refeição, ou esquece-se de que já comeu.
3. Problemas de linguagem
Toda a gente tem por vezes dificuldade em encontrar a palavra certa. Porém, um doente de Alzheimer pode esquecer mesmo as palavras mais simples ou substituí-las por palavras desajustadas, tornando as suas frases de difícil compreensão.
4. Perda da noção do tempo e desorientação
É normal perdermos, por um breve instante, a noção do dia da semana ou esquecermos o sítio para onde vamos. Porém, uma pessoa com a Doença de Alzheimer pode perder-se na sua própria rua, ignorando como foi dar ali ou como voltar para casa
5. Discernimento fraco ou diminuído
As pessoas podem por vezes não ir logo ao médico quando têm uma infecção, embora acabem por procurar cuidados médicos. Um doente de Alzheimer poderá não reconhecer uma infecção como algo problemático, e não ir mesmo ao médico, ou então vestir-se desadequadamente, usando roupa quente num dia de Verão.
6. Problemas relacionados com o pensamento abstracto
Por vezes, as pessoas podem achar que é difícil fazer as contas dos gastos, mas alguém com a doença de Alzheimer pode esquecer completamente o que são os números e o que tem de ser feito com eles. Festejar um aniversário é algo que muitas pessoas fazem, mas o doente de Alzheimer pode não compreender sequer o que é um aniversário.
7. Trocar o lugar das coisas
Qualquer pessoa pode não arrumar correctamente a carteira ou as chaves. Um doente de Alzheimer pode pôr as coisas num lugar desajustado: um ferro de engomar no frigorífico, ou um relógio de pulso no açucareiro.
8. Alterações de humor ou comportamento
Toda a gente fica triste ou mal humorada de vez em quando. Alguém com a Doença de Alzheimer pode apresentar súbitas alterações de humor, da serenidade ao choro ou à angústia, sem que haja qualquer razão para tal facto.
9. Alterações na personalidade
A personalidade das pessoas pode variar um pouco com a idade. Porém, um doente com Alzheimer pode mudar totalmente, tornando-se extremamente confuso, desconfiado ou calado. As alterações podem incluir também apatia, medo ou um comportamento inadequado.
10. Perda de iniciativa
É normal ficar cansado com o trabalho doméstico, as actividades profissionais do dia a dia, ou as obrigações sociais, porém a maioria das pessoas recupera capacidade de iniciativa. Um doente de Alzheimer pode tornar-se muito passivo, e necessitar de estímulos e incitamento para participar.
"A asma é definida como uma doença inflamatória crónica das vias aéreas e que é caracterizada por sensibilidade aumentada da árvore traqueobrônquica a uma multiplicidade de estímulos."
Isto significa que na asma as vias que conduzem o ar desde a laringe(1) até aos alvéolos pulmonares estão inflamadas, não só numa altura de infecção ou de agressão do organismo mas sempre (de forma crónica). Além dessa inflamação ainda há uma sensibilidade a estímulos que implica que quando esses estímulos, por vezes completamente inofensivos, surgem ocorra uma reacção exagerada de contracção das vias aéreas - broncoespasmo - que dificulta a respiração e origina os sintomas característicos da asma:
- Dispneia(2)
- Pieira(3)
- Aperto torácico
- Tosse
Embora se trate de uma doença crónica a asma não se manifesta todos os dias. As manifestações da asma evoluem de forma insidiosa, por episódios de exacerbação provocados pelos estímulos desencadeantes (ver a listagem) que são intercalados por períodos assintomáticos. A asma é tanto mais grave quanto mais frequentes forem as exacerbações.
Estímulos desencadeantes:
- alergénios
- fármacos
- poluição do ambiente e do ar
- Factores profissionais
- Infecções
- Exercício
- Stress emocional
A asma trata-se antes de mais pela educação do indivíduo asmático. O asmático deve:
- Evitar os factores desencadeantes
- Seguir as instruções do médico no que diz respeito ao tratamento farmacológico e compreender a distinção entre o tratamento preventivo a longo prazo e o alívio imediato das crises]
- Monitorizar a evolução da sua doença
- Procurar ajuda médica quando a crise é mais grave que o habitual ou não cessa com os factores de alívio recomendados.
O tratamento farmacológico compreende 2 formas complementares:
- Alívio imediato das crises
- Tratamento preventivo a longo prazo
(1) A laringe pertence às vias que conduzem o ar desde o nariz ou da boca até aos pulmões. Resumidamente o ar passa da boca ou do nariz para a faringe, que é um espaço em comum das vias respiratória e digestiva, e desta para a laringe, onde existem as cordas vocais cuja vibração permite a formação de sons. A partir da laringe o ar passa para a traqueia e desta para os brônquios, que se dividem então em brônquíolos e estes depois de também se ramificar transportam o ar para os alvéolos pulmonares, onde finalmente o O2 passa para o sangue e o CO2 para o ar que será expirado. Toda a via de condução do ar que inclui a traqueia e os brônquios e suas ramificações contitui a árvore traqueobrônquica.
(2) Dificuldade respiratória subjectiva (chama-se vulgarmente de "falta de ar").
(3) Emissão de sons semelhantes a miar de um gato ou piar de um pinto (os doentes costumam dizer que ouvem "gatinhos no peito").
(4) O primeiro grupo de fármacos constitui o tratamento de 1ª linha nas crises de asma. Os restantes apenas se utilizam se os primeiros não forem eficazes em situações de asma mais grave.
É um tipo de eczema caracterizado por se manifestar em indivíduos com predisposição individual ou familiar para o "estado atópico" ou "atopia", na forma de asma, rinite vasomotora ou conjuntivite alérgica.
A doença inicia-se por volta dos 4 a 6 meses de idade em 75% dos casos, constituindo a dermatose mais prevalente na infância, cifrando-se em 10-15% neste escalão etário, podendo nos países nórdicos e no Reino Unido atingir cerca de 20 a 23 % da população jovem. Durante a infância e adolescência, os rapazes são mais atingidos, invertendo-se a tendência na idade adulta.
O eczema atópico constitui manifestação de susceptibilidade cutânea exagerada, a qual resulta de factores constitucionais alérgicos do tipo de hipersensibilidade imediata e retardada a ácaros, pólen, e alguns alimentos.
Existe uma predisposição genética para a dermite atópica, havendo uma probabilidade de 70% de uma criança cujos progenitores manifestam a doença ser também atópica, descendo para 30% no caso de apenas um dos pais a manifestar.
No desencadear dos surtos de eczema atópico intervêm com frequência diversos estímulos, nomeadamente o stress psíquico, os traumatismos locais de natureza física e química (acto de coçar, contacto de lã e fibras sintéticas, cosméticos e perfumes), a exposição ao pó doméstico proveniente de alcatifas e brinquedos, condições climáticas extremas (ar muito seco ou demasiadamente húmido) e as infecções cutâneas ou sistémicas.
A prevenção dos surtos da dermite atópica inclui a evicção dos factores desencadeantes acima referidos, incluindo suporte emocional, uso de roupa de algodão, a manutenção de um ambiente doméstico relativamente seco, bem ventilado, com temperaturas de 18-20C°uso de substâncias acaricidas, disponíveis em spray. Recomenda-se ainda a evicção de certos alimentos - chocolate, bacalhau, conservas, frutos secos e, nos primeiros 12 meses de vida, também a clara de ovo.
Os factores dominantes do perfil clínico são o prurido, por vezes com acentuação nocturna e sempre presente, bem como as lesões eritematosas, podendo ser descamativas ou liquenificadas, localizadas inicialmente na face, predominando nas regiões malares. Por volta dos 18-20 meses as lesões tendem a ficar circunscritas característicamente às pálpebras e nuca, aos punhos, pregas dos cotovelos e cavados poplíteos.
No adulto apresentam topografia semelhante, atingindo também as virilhas, os orgãos genitais externos e o contorno peri-anal. As áreas atingidas apresentam-se secas, a pele pigmenta-se, com acentuação da textura normal da superfície cutânea - liquenificação.
O diagnóstico é essencialmente clínico, apoiando-se na história familiar e pessoal na pequisa de antecedentes atópicos (asma, rinite e eczema); no perfil evolutivo da doença e na topografia das lesões, a simetria e o acantonamento das mesmas e finalmente, no tipo de pele e sua reactividade particular.
Os estigmas atópicos, ou critérios minor, para o diagnóstico incluem a palidez e tendência para a vasoconstrição mediante a estimulação física por atrito, a xerose, a existência de dupla prega palpebral, o reforço das pregas palmares e plantares e a intolerãncia à lã e fibras sintéticas quando em contacto directo com a pele.
Os exames complementares de diagnóstico podem também ser utilizados para melhor documentar o quadro clínico e incluem a realização de testes cutâneos mediante picada, para testar reacções de hipersensibilidade imediata a ácaros, pólen, látex e alimentos, bem como a pesquisa no soro de anticorpos específicos (IgE) para esses alergéneos.
O diagnóstico diferencial faz-se fundamentalmente com a dermite seborreica, da qual se distingue pelo prurido muito mais acentuado e pelo perfil evolutivo das lesões.
A terapêutica visa essencialmente eliminar o prurido e actuar sobre a inflamação. Os anti-histamínicos por via oral, de preferência com acção sedativa, associados aos corticosteróides de potência intermédia por via tópica, em creme, pomada ou loção constituem a pedra angular da terapêutica.
Em fase aguda e difusa do eczema, com intenso componente exsudativo, é recomendável a corticoterapia sistémica, não obstante os seus efeitos colaterais, e, mais recentemente de ciclosporina - A, um agente imunossupressor, administrado por via oral durante 8 a 12 semanas, o qual parece diminuir de forma significativa a frequência e severidade dos surtos, exigindo no entanto cuidadosa monitorização clínica e laboratorial.
Em fase de acalmia clínica, devem ser usados regularmente produtos de limpeza e cosmética dermatológica para pele seca, constituídos por ureia e lactato de amónio em concentrações variáveis, bem como por ácidos gordos insaturados g-linoleico e ceramidas. A radiação ultra-violeta, mediante a exposição solar ou efectuada em cabines adaptadas a esse efeito, tem também indicação terapêutica.
Em cerca de 60% a 75% dos casos verifica-se a remissão da sintomatologia do eczema atópico por volta dos 13- 14 anos de idade, apesar de 20% dos doentes com eczema atópico poderem manifestar a doença, ou alguns dos seus estigmas, durante a idade adulta. De referir que a asma brônquica se associa ao eczema atópico em 30 a 40% dos casos.
TopoO colesterol é uma substância cerácea, semelhante às gorduras, e que se encontra presente em todas as células do seu corpo. O colesterol é necessário ao funcionamento do seu organismo e o fígado produz normalmente as quantidades suficientes. Alguns alimentos fornecem quantidades suplementares de colesterol que poderão ser superiores às quantidades de que o organismo precisa.
Embora a presença de determinadas quantidades de colesterol no sangue seja essencial à saúde, quando em excesso, poderá tornar-se bastante prejudicial. Se os seus níveis de colesterol são elevados, tal implica maiores riscos de vir a sofrer de doença cardíaca. Há muitas razões pelas quais se explicam os níveis de colesterol elevados. Entre elas, contam-se a alimentação e os antecedentes familiares. A obesidade ou outras doenças como a diabetes poderão também contribuir para um nível de colesterol elevado.
Existem diferentes tipos de colesterol e de gorduras que têm efeitos igualmente diferentes. Os tipos mais conhecidos são os seguintes:
LDL-colesterol
O LDL-colesterol, ou seja, a lipoproteína de baixa densidade, é conhecido como "colesterol mau". O LDL-colesterol em excesso deposita-se nas artérias e pode provocar problemas cardíacos; quanto maior for o nível de LDL-colesterol maiores são os riscos de doença cardíaca. É por isso que ao baixar os níveis de LDL-colesterol está a reduzir os riscos de ataque cardíaco.
HDL-colesterol
O HDL-colesterol, ou seja, o colesterol de lipoproteínas de alta densidade, é vulgarmente designado por "colesterol bom", porque é através dele que se elimina o colesterol presente no sangue. De facto, níveis elevados de HDL no sangue podem contribuir para um menor risco de doença cardíaca, enquanto que os níveis baixos podem fazê-lo aumentar.
Triglicéridos
Os triglicéridos constituem um outro tipo de gorduras que se encontra na corrente sanguínea. Normalmente, as pessoas com um nível elevado de triglicéridos também têm um nível elevado de LDL-colesterol. Estudos recentes indicam que os triglicéridos elevados podem aumentar o risco de doença cardíaca.
Uma artéria saudável apresenta uma superfície regular e homogénea. No entanto, quando se dá uma acumulação excessiva de colesterol nas paredes das artérias, formam-se depósitos espessos aos quais se dá o nome de placa. A formação dessas placas leva ao estreitamento das artérias, fazendo com que haja um maior esforço do coração para que a circulação do sangue se processe normalmente através delas. As placas podem limitar ou bloquear o fluxo sanguíneo nas artérias, podendo mesmo causar a sua ruptura e a formação de coágulos de sangue. Quando uma destas situações ocorre numa artéria principal responsável pela irrigação do coração ou do cérebro, o fluxo sanguíneo pode ficar completamente bloqueado. É em resultado disto que se dão os ataques cardíacos ou as tromboses (AVC).
De acordo com as recentes directivas divulgadas pela Sociedade Portuguesa de Aterosclerose (SPA), um nível de colesterol total que seja igual ou superior a 190 mg/dl (miligramas por decilitro de sangue) é considerado elevado.
Existem diversos factores de risco que podem fazer aumentar os seus níveis de colesterol. Alguns são devido a hábitos de vida, que você pode aprender a controlar. Outros factores têm outras origens, que não podem ser controladas.
Factores de risco controláveis
Hábito de fumar
Há evidência de que o tabaco aumenta os níveis do LDL-colesterol e acelera o aparecimento da aterosclerose. Cerca de 1 em cada 5 casos de morte por doença cardíaca estão associados a fumadores.
Dieta incorrecta (rica em gorduras, com muito sal)
Para alguns conselhos sobre uma alimentação mais saudável e equilibrada:
Não esqueça o pequeno-almoço, fundamental na sua manhã. Leite ou iogurte, de preferência magros, pão ou cereais e uma peça de fruta, constituem uma alimentação saudável.
- Faça várias refeições por dia. Merendar a meio da manhã e da tarde, ajuda a controlar o apetite e evitar os "grandes" almoços e jantares.
- Atenção ao açúcar. Diminua o consumo de bolos e doces. Prefira os caseiros, mas em dias de festa. Reduza gradualmente o açúcar que adiciona às bebidas, substituindo-o por adoçante
- Cuidado com o sal! Modere a quantidade quando cozinha e evite usar saleiro na mesa. Dê aroma e sabor aos seus alimentos com muitas ervas aromáticas e especiarias.
- Reduza a gordura na confecção de alimentos usando recipientes não aderentes, Em vez de fritar, opte pelos assados, grelhados, cozidos no vapor ou guisados.
- Beba água com e sem sede. A água é fundamental para o equilíbrio do nosso organismo
Vida sedentária
Fazer exercício regular ajuda a queimar gorduras. Naturalmente, a inactividade física leva a acumulação destas e consequente subida dos níveis de mau colesterol.
Stress
Algumas pessoas têm tendência a confortar-se, durante períodos de maior stress, com uma alimentação excessiva ou à base de alimentos mais ricos em gorduras ou fumando. São os teores de gorduras saturadas e de colesterol contidos nestes alimentos que contribuem para um colesterol elevado, não o stress em si.
Factores de risco não controláveis
Idade (mais de 45 anos nos homens, mais de 55 nas mulheres)
A idade apenas significa que o risco aumenta, o que não quer dizer indivíduos mais novos não se devam preocupar. Pelo contrário. O problema e os riscos que o colesterol representa são reais para todos independentemente do sexo ou idade.
- Menopausa (mulheres)
Nas mulheres, é frequente verificar-se que a menopausa tem como consequência um aumento dos níveis do LDL-colesterol e uma diminuição dos níveis do HDL-colesterol. É por isso que após os 50 anos as mulheres passam a ter, geralmente, níveis de colesterol total superiores aos dos homens com a mesma idade.
- Antecedentes familiares
Os genes têm influência na percentagem de LDL-colesterol pelo facto de determinarem a rapidez com que este se forma e se elimina no sangue. Um tipo específico de colesterol elevado com características hereditárias e que afecta 1 em 500 pessoas é a hipercolesterolemia familiar, sendo frequentemente a causa de doença cardíaca. Mesmo que não tenha um tipo genético específico de colesterol elevado, os genes serão sempre um aspecto a ter em conta no que se refere aos níveis de LDL-colesterol.
Sim. Foi já demonstrado que uma diminuição de 1% nos níveis de colesterol está associada a uma redução de 2%-3% no risco de doença cardíaca. Outros estudos revelaram ainda que a diminuição do chamado colesterol "mau", o LDL-colesterol, poderá contribuir para um menor risco de ter ataques cardíacos.
A Sociedade Portuguesa de Aterosclerose alerta para o facto do LDL- colesterol ser um importante factor de risco associado às doenças cardíacas.
Por vezes, introduzir algumas modificações na dieta alimentar e no estilo de vida poderá ser o suficiente para diminuir o colesterol até atingir os níveis desejados. Noutros casos, a alimentação e o modo de vida terão que ser acompanhados com uma medicação adequada.
Todavia, mesmo após ter atingido o valor de colesterol desejado, é fundamental que continue a seguir as recomendações do seu médico a fim de manter um nível de colesterol saudável. Lembre-se que o colesterol elevado não tem cura mas pode e deve ser controlado. É provável que o seu nível de colesterol tenha tendência para subir se o tratamento for interrompido. Deverá adoptar um estilo de vida saudável e manter o colesterol dentro dos limites aceitáveis. Altere o seu programa de diminuição do colesterol sempre e somente de acordo com as recomendações do seu médico.
Em geral, a maior parte dos produtos de origem animal são ricos em gorduras e colesterol. Deverá, pois, evitar as gorduras saturadas, tais como o toucinho e os óleos alimentares hidrogenados. Exemplos de alimentos que contêm gorduras saturadas: carne de vaca, produtos lácteos gordos, manteiga, natas, gelados, queijo e ovos. As vísceras, caso de rim, fígado e timo de vitela também contêm grandes quantidades de colesterol. O marisco, incluindo a lagosta, é igualmente rico em colesterol mas tem normalmente um baixo teor de gorduras saturadas. Uma gema de ovo contém cerca de 215 mg de colesterol. Comparativamente, um pedaço de carne branca, por exemplo, de frango, com 85 a 115 gramas, contém apenas cerca de 72 mg de colesterol.
Lembre-se que os alimentos que não contêm colesterol, em especial os sujeitos a processos de transformação, poderão, ainda assim, ser ricos em gorduras. Leia sempre os rótulos dos produtos alimentares para evitar tanto as gorduras como o colesterol.
As gorduras poli-insaturadas e monoinsaturadas podem ser encontradas nos óleos vegetais. Os óleos de milho e de soja são exemplos de gorduras polinsaturadas, enquanto o azeite e o óleo de canola têm gorduras monoinsaturadas. Todas as gorduras em geral devem ser reduzidas, sendo preferíveis as gorduras polinsaturadas ou monoinsaturadas em vez das gorduras saturadas.
Se alterou os seus hábitos alimentares, os seus hábitos de vida, deixou de fumar e, mesmo assim, não obteve resultados favoráveis no que respeita aos níveis de colesterol e triglicéridos, então o seu médico poderá sugerir-lhe uma medicação destinada a baixar os lípidos. Antes de recomendar a medicação adequada, o médico irá ter em conta diversos aspectos tais como os factores de risco susceptíveis de serem controlados (alimentação, exercício, hábitos tabágicos), a sua idade, o seu estado de saúde actual e os efeitos secundários dos medicamentos em questão.
Se necessita de medicação para baixar os seus níveis de colesterol, é importante que colabore com o seu médico e tome os medicamentos de acordo com as indicações. O período de tempo necessário para que a medicação produza os seus efeitos varia de pessoa para pessoa e depende do rigor com que o tratamento é seguido, bem como da sua capacidade para alterar hábitos prejudiciais à saúde, como sejam os hábitos tabágicos, uma alimentação pobre ou desequilibrada e a falta de exercício.
Sim. Os genes têm influência na percentagem de LDL-colesterol pelo facto de determinarem a rapidez com que este se forma e se elimina no sangue. Um tipo específico de colesterol elevado com características hereditárias e que afecta 1 em 500 pessoas é a hipercolesterolemia familiar, sendo frequentemente a causa de doença cardíaca. Mesmo que não tenha um tipo genético específico de colesterol elevado, os genes serão sempre um aspecto a ter em conta no que se refere aos níveis de LDL-colesterol.
Ter diabetes constitui um importante factor de risco para a doença cardíaca. Uma vez que o risco de um diabético poder ter um ataque cardíaco é tão elevado como o risco de um indivíduo que já sofra de doença cardíaca, os limites para o LDL-colesterol e os tratamentos para baixar o colesterol são basicamente os mesmos para ambos.
É comum verificar-se que os diabéticos têm níveis elevados de triglicéridos e níveis baixos de HDL. Uma vez controlado o nível de LDL, dever-se-à permanecer atento aos níveis elevados de triglicéridos e aos níveis baixos de HDL.
Uma vez que tenho colesterol elevado, será conveniente verificar os níveis de colesterol dos meus filhos?
De um modo geral, a maioria das crianças não necessita que seja feito um controlo dos seus níveis de colesterol. Poderá colocar-se a hipótese de realizar testes a crianças de idade igual ou superior a 2 anos, cujos pais tenham níveis de colesterol (>190 mg/dl) ou quando se registem casos de doença cardíaca precoce na família. As crianças cujas famílias tenham colesterol elevado apresentarão maiores probabilidades de vir também a ter colesterol elevado.
Se não for necessário fazer um teste de colesterol ao seu filho, é provável que o médico opte por verificar somente os níveis de colesterol total. No entanto, se houver casos de doença cardíaca precoce na família, o médico poderá começar, desde logo, pela verificação dos níveis de LDL-colesterol.
Por uma questão de saúde. Parar de fumar diminui o risco de morte prematura. Os ex-fumadores vivem em média mais anos do que os fumadores e reduzem o risco de virem a sofrer de uma doença cardiovascular, de cancro ou de doenças respiratórias graves e incapacitantes.
Vale a pena parar de fumar em qualquer idade. Os benefícios são tanto maiores, quanto mais cedo se parar de fumar.
Deixar de fumar pode ser difícil. Tratando-se de um hábito com dependência física e psíquica, os sintomas de privação do tabaco nem sempre se conseguem ultrapassar sem ajuda. Planeie a sua decisão calmamente e, se necessário, recorra a apoio médico. Envolva família, amigos e colegas de trabalho no processo.
Onde posso encontrar ajuda?
Fale com o seu Farmacêutico ou com o seu médico de família. Eles poderão indicar-lhe medicamentos de venda livre, cuja utilização duplica o grau de sucesso de parar de fumar (pastilhas, gomas ou sistemas transdérmicos).
Querer deixar de fumar e decidir fazê-lo são os passos mais importantes. Mas passar à prática exige esforço e auto-disciplina. Algumas rotinas poderão facilitar a tarefa:
1. Fixe um dia para deixar de fumar. O estabelecimento de uma data ajuda a criar um sentimento de compromisso.
2. Anuncie aos outros a sua decisão. Envolver os que lhe são mais próximos garante-lhe apoio e solidariedade.
3. Identifique os seus hábitos tabágicos. Saber em que circunstâncias fuma habitualmente permite-lhe criar estratégias para contorná-las.
4. Elabore uma lista de motivos para deixar de fumar e releia-a sempre que pensar em desistir.
5. Aprenda a reagir à vontade de fumar. Os momentos em que sente grande desejo de voltar a fumar duram apenas alguns minutos.
6. Faça uma alimentação saudável. Se a sua preocupação é o ganho de peso associado ao abandono do tabaco, procure substituir as gorduras, o açúcar e os alimentos ricos em sal por saladas, frutas e legumes.
7. Tente evitar a proximidade de fumadores, bem como os cigarros e todos os objectos relacionados com o hábito de fumar.
8. Pratique actividade física. Não só contribui para uma boa forma física, como ajuda a combater a ansiedade e as alterações de humor próprias dos ex-fumadores.
9. Com o dinheiro que poupar no tabaco, ofereça-se uma prenda que deseje há muito tempo.
10. Se não conseguir à primeira, nada está perdido. A recaída faz parte do processo de mudança. Marque uma nova data e volte a tentar.
Esta forma é caracterizada por humor deprimido, em que o indivíduo comunica através da fala, da mímica e do comportamento, uma vivência de dor e abatimento (manifesta um aumento da irritabilidade, acessos de cólera, frustração, tristeza.) Esta vivência é diferente da tristeza normal a que cada um pode estar sujeito nas situações desfavoráveis da vida, tanto em intensidade e duração como pela sua natureza; além disso, contrariamente ao que sucede na tristeza normal, o indivíduo atingido por esta forma de depressão mostra-se insensível ao encorajamento, à amizade e ao amor. Outros sintomas associados a estes são: a diminuição ou desaparecimento do interesse e do prazer em todas ou quase todas as actividades habituais, como a presença do companheiro ou dos filhos, o desporto, a música, os hobbies; o abrandamento da actividade psíquica e motora, que leva o deprimido a falar pouco e a mover-se pouco, lentamente e com dificuldade; a falta de energia; o sentimento de inadptação, inutilidade, desespero, sentimentos de culpa; a falta de apetite e perda de peso; as perturbações do sono (sofre de insónia quase total ou de despertar matinal precoce; pensamentos de morte e por vezes ideias ou tentativas de suicídio).
Os períodos de depressão têm um início e um fim mais ou menos identificáveis e, entre um período e outro, o indivíduo deprimido sente-se bem. Cada episódio pode manifestar-se espontaneamente ou após determinados momentos de stress.
Esta forma de depressão tem frequentemente origem familiar; é muito sensível aos fármacos e pouco à psicoterapia.
O termo distimia indica uma forma de depressão ligeira crónica que perdura por um período mais longo. Embora possa acontecer a qualquer um sentir-se desmoralizado, triste ou inadaptado, quem sofre de distimia tem sintomas depressivos quase diariamente e durante grande parte do dia, por um período mínimo de dois anos. Estes indivíduos podem ainda mostrar pouca auto-estima, comer e dormir mais ou menos do que o habitual, sentir-se fatigadas, ter dificuldade em se concentrar ou tomar decisões e experimentar uma sensação de desespero. Estes sintomas, porém, são menos graves do que os da depressão major.
Entre as causas da depressão podem incluir-se factores sociais como o empobrecimento ou a solidão, a diminuição do humor, frequentemente manifestada após o parto ou a perda de um ente querido. Mas, sobretudo nas pessoas já predispostas, estes acontecimentos da vida podem actuar como causa desencadeante da doença. Noutros casos, pelo contrário, os sintomas podem surgir espontaneamente, como um facto inesperado e súbito. A depressão também pode ter um componente hereditário. De facto, verificou-se que esta doença tende a apresentar-se mais frequentemente no seio dos elementos de uma mesma família. Esta teoria foi confirmada por vários estudos realizados em filhos de pais que sofriam de perturbações do humor, criados por pessoas não afectadas por estes problemas; verificou-se que estes indivíduos apresentavam perturbações do humor que nunca se tinham manifestado nos pais adoptivos.
A depressão manifesta-se quando determinados sistemas de transmissão entre as células do cérebro, ou seja, os neurónios, se alteram. Com efeito, para que o sistema nervoso funcione bem, é necessário que a transmissão das mensagens eléctricas de um neurónio para outro ocorra através do ponto de contacto entre uma célula e outra, que se designa por sinapse. Quando uma mensagem eléctrica enviada por um neurónio chega à sinapse, provoca a libertação de determinadas substâncias químicas, os neurotransmissores, que funcionam como mensageiros, depois de passarem ao neurónio seguinte onde provocam a saída de um novo sinal eléctrico.
Consequentemente, quando a actividade de alguns neurotransmissores se altera, podem ocorrer "transmissões perturbadas". Especificamente no aparecimento da depressão, são dois os neurotransmissores principalmente implicados: a serotonina e a noradrenalina, que estão envolvidas em todas as funções que se apresentam alteradas durante a depressão e que provocam os sintomas característicos desta.
Entre os factores da depressão, podemos enumerar:
Factores ocupacionais
Sobrecarga de trabalho
Tempos de descanso curtos
Não atingimento dos objectivos
Problemas com os superiores
Problemas de carreira
Início das aulas
Dificuldades económicas
Dificuldades financeiras
Despedimento
Reforma
Factores familiares
Fim de uma relação sentimental
Relações conflituosas
Problemas conjugais
Divórcio
Luto
Separação da família
Estar longe de casa
Casamento
Paternidade
Maternidade
Factores ligados ao estado de saúde
Perda da integridade física
Lesões graves
Doença crónica
Doença debilitante
Doença incapacitante
Fármacos (anti-hipertensores, corticosteróides, anti-dopaminérgicos para a doença de Parkinson, etc )
Factores ligados a acontecimentos acidentais
Testemunha de acontecimentos graves
Catástrofes naturais
Acidentes dos quais se sinta culpado
Acidentes rodoviários, domésticos, nos tempos livres
Factores ligados à violência
Violência física
Violência psicológica
Tortura
Assalto
Rapto
Ataque terrorista
Prisão
Guerra
Em particular estão mais expostos ao risco aqueles que:
- Já sofreram episódios de depressão anteriores
- Têm familiares que sofrem de depressão
- Têm de conviver com adversidades frequentes
- Têm problemas de relacionamento com os outros
- Sofrem de isolamento social:
. Idosos
. Desocupados e subocupados
. Marginalizados
. Minorias étnicas
- São doentes ou incapacitados
- As mulheres nos dezoito meses a seguir ao parto
- Na puberdade
- Mulheres na menopausa
- As pessoas que abusam de drogas, medicamentos, álcool.
Um diagnóstico de depressão major deve basear-se nos seguintes critérios:
Pelo menos cinco dos seguintes sintomas - um dos quais deve ser humor deprimido ou diminuição do interesse ou do prazer - que se manifestem quase todos os dias, durante pelo menos duas semanas, e que representem uma mudança relativamente ao comportamento emotivo e funcional habitual do indivíduo:
1. Humor deprimido (o indivíduo sente-se cansado ou vazio ou parece cansado e sempre a ponto de começar a chorar)
2. Diminuição marcada do interesse e do prazer em todas, ou quase todas as actividades
3. Aumento ou perda de peso significativos, sem qualquer dieta (por exemplo, mais de 5% do peso corporal num mês) ou aumento ou diminuição do apetite
4. Aumento ou perda de sono, em relação ao habitual.
5. A diminuição ou aumento da rapidez na execução de actividades observdas por terceiros
6. Fadiga ou perda de energia
7. Sentimentos de inutilidade ou de culpa, excessivos ou injustificados
8. Dificuldade em pensar, concentrar-se ou tomar decisões
9. Pensamentos recorrentes de morte (não apenas medo de morrer), pensamentos suicidas recorrentes, sem um plano concreto ou sem tentativa de suicídio, ou com um plano concreto para cometer suicídio.
10. Profundo sofrimento ou comprometimento das actividades sociais ou profissionais ou de outras funções importantes.
11. Os sintomas não são imputáveis aos efeitos directos de uma substância química (por exemplo, drogas ou fármacos) ou de uma doença (por exemplo, hipotiroidismo).
12. Os sintomas persistem para além de dois meses após a perda de um ente querido.
Um diagnóstico de distimia, por sua vez, deve basear-se nos seguintes critérios:
Os indivíduos afectados por uma perturbação depressiva:
A diabetes é uma doença crónica caracterizada pelo aumento dos níveis de açúcar (glucose) no sangue. À quantidade de glucose no sangue, chama-se glicémia. Ao aumento da glicémia, chama-se: hiperglicemia.
A Diabetes é uma situação muito frequente na nossa sociedade e a sua frequência aumenta muito com a idade, atingindo os 2 sexos. Em Portugal, calcula-se que existam entre 400 a 500 mil diabéticos.
A diabetes é uma doença que resulta de uma deficiente capacidade de utilização pelo nosso organismo da nossa principal fonte de energia - a glucose. Muitos dos alimentos que ingerimos são transformados em glucose no nosso aparelho digestivo. Ela resulta da digestão e transformação dos amidos e dos açúcares da nossa alimentação. Depois de absorvida, entra na circulação sanguínea e está disponível para as células a utilizarem.
Para que a glucose possa ser utilizada como fonte de energia, é necessária a insulina.
A hiperglicemia (açúcar elevado no sangue) que existe na Diabetes, deve-se em alguns casos à insuficiente produção, noutros à insuficiente acção da insulina e, frequentemente, à combinação destes dois factores.
Se a glucose não for utilizada, acumula-se no sangue (hiperglicemia) sendo depois, expelida pela urina.
A insulina é produzida nas células ß dos ilhéus de Langerhans do pâncreas. O pâncreas é um órgão que está junto ao estômago e fabrica muitas substâncias, entre elas a insulina. A insulina é fundamental para a vida. A sua falta ou a insuficiência da sua acção leva a alterações muito importantes no aproveitamento dos açúcares, das gorduras e das proteínas que são a base de toda a nossa alimentação e constituem as fontes de energia do nosso organismo.
Existem vários tipos de Diabetes mas, de longe, a mais frequente (90% dos casos) é a chamada Diabetes Tipo 2.
A Diabetes Tipo 2 também conhecida como Diabetes Não-Insulino Dependente, ocorre em indivíduos que herdaram uma tendência para a Diabetes (têm, frequentemente, um familiar próximo com a doença: pais, tios, ou avós) e que, devido a hábitos de vida e de alimentação errados e por vezes ao "stress", vêm a sofrer de Diabetes quando adultos. Quase sempre têm peso excessivo e em alguns casos são mesmo obesos, sobretudo "têm barriga". Fazem pouco exercício físico e consomem calorias em doces e/ou gorduras em excesso, para aquilo que o organismo gasta na actividade física. Têm, com frequência, a tensão arterial elevada (hipertensão arterial) e por vezes "gorduras" (colesterol ou triglicéridos) a mais no sangue (hiperlipidemia).
Na diabetes tipo 2 o pâncreas é capaz de produzir insulina. Contudo, a alimentação incorrecta e a vida sedentária, com pouco ou nenhum exercício físico, tornam o organismo resistente à acção da insulina (insulino-resistência), obrigando o pâncreas a trabalhar mais (e mais), até que a insulina que produz deixa de ser suficiente. Nessa altura surge a Diabetes.
O excesso de peso e a obesidade estão intimamente relacionados com a diabetes. A redução do peso contribui, nestas situações, de uma forma muito sensível para o controlo da glicémia. Mesmo uma pequena diminuição do peso tem reflexos benéficos na glicémia.
As pessoas com diabetes tipo 2 têm frequentemente insulino-resistência. O excesso de gordura, sobretudo abdominal, contribui para esta insulino-resistência e, consequentemente, para o aumento da glicémia.
A Diabetes Tipo 1, também conhecida como Diabetes Insulino-Dependente é mais rara (a sua forma juvenil não chega a 10% do total) e atinge na maioria das vezes crianças ou jovens, podendo também aparecer em adultos e até em idosos. Na Diabetes do Tipo 1, as células ß do pâncreas deixam de produzir insulina pois existe uma destruição maciça destas células produtoras de insulina. As causas da diabetes tipo 1 não são, ainda, plenamente conhecidas. Contudo, sabe-se que é o próprio sistema de defesa do organismo (sistema imunitário) do diabético que ataca e destrói as suas células b.
Estes diabéticos necessitam de terapêutica com insulina para toda a vida porque o pâncreas deixa de a poder fabricar. A causa desta Diabetes do tipo 1 é, pois, a falta de insulina e não está directamente relacionada com hábitos de vida ou de alimentação errados, ao contrário do que acontece na diabetes Tipo 2.
Existe, ainda, a Diabetes que ocorre durante a gravidez: a Diabetes Gestacional. Esta forma de diabetes surge em grávidas que não eram diabéticas antes da gravidez e, habitualmente, desaparece quando esta termina.
Contudo, quase metade destas grávidas diabéticas virão a ser, mais tarde, diabéticas do tipo 2 se não forem tomadas medidas de prevenção.
A Diabetes Gestacional ocorre em cerca de 1 em cada 20 grávidas e, se não for detectada através de análises e a hiperglicemia corrigida com dieta e, por vezes com insulina, a gravidez pode complicar-se para a mãe e para a criança. São vulgares os bébés com mais de 4 Kg à nascença e a necessidade de cesareana na altura do parto. Podem, por exemplo ocorrer abortos espontâneos.
Existem outros tipos de diabetes que não tipo 1 ou 2. Por exemplo a diabetes tipo MODY (Maturity-Onset Diabetes of the Young) que afecta adultos jovens mas também adolescentes e crianças. Apresentam-se com caracteristicas de diabetes tipo 2 e são causadas por uma mutação genética que leva a uma alteração da tolerância à glucose. São situações muito raras.
Há outras causas bastante mais raras de Diabetes como por exemplo, doenças do pâncreas como alguns tumores e a pancreatite provocada pelo alcool.
Quando a glicémia é muito elevada, podem existir sintomas típicos:
Quase sempre na criança e nos jovens a diabetes é do tipo 1 e aparece de maneira súbita e os sintomas são muito nítidos:
Perante estes sintomas, o diagnóstico de Diabetes deve ser rápido, seguido do início do tratamento com insulina pois, se o não fizer, o diabético entra em Coma Diabético e corre perigo de vida.
A grande maioria dos diabéticos adultos após os 35 anos são do tipo 2. No adulto é habitual a Diabetes não dar sintomas no seu início e, por isso, pode passar despercebida durante anos. O sintomas só aparecem quando a glicémia está muito elevada e, habitualmente, de modo mais lento que na criança ou jovem.
Contudo, o açúcar elevado vai provocando os seus estragos mesmo sem se dar por isso. E é essa a razão pela qual, às vezes, já podem existir complicações (nos olhos, por exemplo) quando se descobre a diabetes.
Uma pessoa pode ter uma Diabetes, impropriamente chamada, "ligeira", a qual só é descoberta ao realizar uma análise de sangue ou ao apresentar alguns dos sintomas pouco marcados já referidos e que levam à suspeita do diagnóstico.
Diabetes tem vindo a aumentar assustadoramente. É uma doença em expansão nos países em desenvolvimento que atinge cada vez mais pessoas e cada vez mais em idades mais jovens.
Sabe-se, contudo, que têm mais probabilidade de virem a ser diabéticos:
O diagnóstico é feito através da avaliação de determinados sintomas observados sendo confirmado com análises de sangue. Outras vezes podem não existir sintomas e o diagnóstico ser feito em exames realizados por outra causa ou de rotina.
Os sintomas relacionados com o excesso de açúcar no sangue aparecem, na diabetes tipo 2, de forma gradual e quase sempre lentamente. Por isso, o início da diabetes tipo 2 é muitas vezes difícil de precisar.
Os sintomas mais frequentes são a fadiga, poliuria (urinar muito e com mais frequência) e sede excessiva. Muitas vezes o doente não apresenta estes sintomas (ou dá-lhes pouca importância) e o diagnóstico é feito por análises de rotina.
Nas análises encontramos uma quantidade de açúcar no sangue aumentada (hiperglicemia) e aparece açúcar na urina (glicosúria).Pode ser diabético se:
Com o passar dos anos, o diabético (cerca de 40%) pode vir a desenvolver uma série de complicações em vários órgãos. Estas complicações evoluem de uma forma silenciosa e muitas vezes já estão há algum tempo instaladas quando se detectam. Hoje é possível reduzir os seus danos através de um controlo rigoroso da glicémia, da tensão arterial e dos lípidos (gorduras no sangue) bem como de uma vigilância periódica dos órgãos mais sensíveis (fundo do olho-retina, rim, coração etc).
As complicações tardias são causadas principalmente por lesões dos vasos. Os vasos sanguíneos conduzem através do sangue, oxigénio e nutrientes para os vários territórios do nosso corpo. As lesões desses vasos comprometem a alimentação dos tecidos e órgãos com graves consequências. As alterações ao nível dos grandes e médios vasos (doença macrovascular) tem repercussões ao nível do cérebro, coração e pés. As lesões nos pequenos vasos (doença microvascular) são responsáveis por alterações no fundo do olho (retina), rins e nervos periféricos.
Os grandes e médios vasos apresentam lesões de evolução lenta e silenciosa que levam à redução do seu calibre (ateroesclerose). A principal causa é o depósito de lípidos (gorduras) nas suas paredes. Estes depósitos de lípidos crescem, formam placas e reduzem o calibre destes vasos tornando difícil a passagem do sangue com oxigénio e nutrientes comprometendo a alimentação dos tecidos. Este sofrimento no coração pode dar origem a uma isquémia do miocárdio (angina de peito) e, em casos extremos, a um enfarte do miocárdio. Nos pés a lesões da pele diversas e mesmo a uma gangrena.
Nos pequenos vasos a doença que os atinge (microangiopatia) é específica da diabetes. Não sendo ainda totalmente conhecida, verifica-se um espessamento de algumas estruturas da parede destes pequenos vasos, com redução do calibre, alterações da consistência, elasticidade e permeabilidade. Os níveis elevados de glucose têm um papel importante em todo este processo. Outras alterações nomeadamente da viscosidade e adesividade que se passam também no sangue do diabético, agravam toda esta situação.
O diagnóstico precoce, o bom controlo metabólico (boa compensação) e a vigilância periódica são as principais armas para prevenir ou atrasar o início e a evolução das complicações.
Complicações microvasculares
Retinopatia
A retina é uma fina camada no fundo do olho, rica em pequenos vasos sanguíneos e nervos. É como uma película fotográfica onde as imagens são projectadas a caminho do cérebro. Às lesões da retina do diabético chamam-se retinopatia diabética. As lesões resultam, principalmente, de alterações dos pequenos vasos tornando difícil a passagem do sangue e consequentemente o transporte de oxigénio e nutrientes ás várias zonas.
Nas fases iniciais não há habitualmente alterações da visão. Os vasos deixam passar fluídos, ficam frágeis e dilatam nalguns pontos. A visão é alterada quando os fluídos ou o sangue (hemorragia) resultado do rebentar de algum vaso atinge a mácula, zona da retina onde se forma a imagem.
A descoberta precoce destas fragilidades vasculares permite actuar através de "laser" e impedir que mais tarde ocorra uma hemorragia.
O único tratamento existente é a fotocoagulação (laser), estando as respectivas indicações presentemente muito bem estabelecidas. Para alguns casos anteriormente considerados insolúveis, existe um processo cirúrgico complexo (vitrectomia).
O laser é um intenso raio de luz que tem como objectivo destruir a zona perigosa através de uma pequena e indolor queimadura.
A retinopatia diabética é uma das várias complicações tardias da doença, pensando-se que seja uma consequência da hiperglicemia e cuja gravidade está fortemente associada com a duração da diabetes.
Tendo em conta que formas avançadas de retinopatia podem não provocar sintomas visuais, e, por vezes quando estes ocorrem ser já demasiado tarde para provocar a sua regressão terapêutica, torna-se fundamental e indispensável a vigilância periódica dos olhos dos diabéticos.
Nefropatia
Os rins são o filtro do nosso organismo. São constítuidos por milhões de pequenos vasos que transportam sangue com impurezas que aqui são libertadas e eliminadas através da urina que aqui se forma.
Quando na diabetes estes pequenos vasos são lesados em grande quantidade aparece a nefropatia. A sua evolução é lenta e silenciosa. O sinal mais precoce é a perda, acima de valores normais, de proteínas na urina. (microalbuminúria) Inicialmente em quantidades muito pequenas e mais tarde, já em fase não reversível, em grandes quantidades. Se a nefropatia continua a evoluir há acumulação de produtos antes eliminados (ureia, creatinina), manifestações de fadiga, cansaço e perda do apetite e caminha-se para a insuficiência renal.
Em estados mais avançados, os rins podem mesmo parar de funcionar. Se ambos os rins não funcionam deverá ser feito o mesmo trabalho que o rim fazia mas agora artificialmente. É a diálise. Na fase seguinte, e se houver condições e indicação o diabético pode ser submetido ao transplante renal.
Microalbuminúria
Chama-se microalbuminúria à presença de quantidades mínimas de proteínas (albumina) na urina. Numa pessoa saudável essa quantidade é muito pequena e não ultrapassa, em circunstâncias normais, os 30 miligramas por dia ou 20 microgramas por minuto. No diabético em risco de estar a desenvolver a nefropatia, essa quantidade de albumina na urina está aumentada, permitindo detectar atempadamente aquela lesão renal.
Neuropatia
A neuropatia diabética é uma das complicações tardias da diabetes e resulta de lesões nos nervos do nosso organismo afectando um grande número de diabéticos
Os nervos são o nosso sistema de comunicação entre os vários territórios do nosso organismo levando informações e transmitindo ordens. Através deles temos a percepção da dor, da forma e temperatura dos objectos. Também pelos nervos passam as ordens enviadas do cérebro para as nossas mãos, pernas ou pés e que nos levam ao movimento.
Quando os nervos são lesados há manifestações tais como alterações da sensibilidade, aparecimento de queixas dolorosas mais ou menos intensas e, frequentemente, perda das sensibilidades dolorosa e térmica. Outras vezes existem atrofias musculares e perturbações da motilidade (diminuição da força nas pernas e dificuldades na marcha)
Muitas vezes há uma completa perda da sensibilidade ao nível dos pés não sentindo o diabético objectos que, ocasionalmente, se introduzam no interior do sapato e que podem muitas vezes ser causa de feridas. São muito habituais as queimaduras com o saco de água quente durante a noite ou com uma aproximação demasiada a uma lareira por insensibilidade ao calor.
A neuropatia pode atingir o aparelho digestivo provocando perturbações no seu funcionamento (atrasos no trânsito alimentar, obstipação, diarreias), o coração com alterações do seu ritmo e a bexiga com perda do seu tonus e sensibilidade, muitas vezes levando a infecções repetidas.
A sintomatologia depende da zona atingida e pode incluir:
Como nas outras complicações tardias existe uma estreita relação entre o seu aparecimento e uma deficiente compensação. Na diabetes, as lesões dos nervos são provocados directa ou indirectamente pela hiperglicémia que leva a alterações graves dos numerosos pequenos vasos que os irrigam.
Disfunção sexual
Quando há excitação sexual no homem há erecção do pénis e na mulher há lubrificação da vagina. Tudo isto resulta de sinais enviados pelo cérebro através de nervos para os vasos sanguíneos da região.
Na diabetes pode aparecer uma disfunção sexual. Ela pode manifestar-se sob a forma de ejaculação retrógrada ou impotência sexual no sexo masculino e perda do desejo, incapacidade de orgasmo e défice de lubrificação no sexo feminino.
Estas alterações podem ter origem nas lesões dos nervos mas também nos vasos sanguíneos. Muitas das disfunções sexuais no diabético não têm origem em lesões orgânicas mas podem ter uma natureza psicológica.
Existem hoje formas de tratar muitas destas situações com resultados muitos satisfatórios. A diabetes é uma causa frequente de impotência. Entre 30 a 50% dos doentes diabéticos mal controlados são afectados por problemas de erecção. (ver em Impotência Sexual)
Assim serão causas de impotência na diabetes, alterações que se podem desenvolver ao longo da doença:
Complicações Macrovasculares
A Diabetes, mesmo ligeira, é um dos mais importantes factores de risco de doença cardiovascular, a principal causa de morte no nosso país.
Os diabéticos têm maior risco de doença coronária, manifestada por angina de peito ou ataques cardíacos (enfarte do miocárdio) e por tromboses cerebrais (acidentes vasculares cerebrais -AVC).
O risco de doença coronária é, segundo alguns estudos, cerca do dobro nos homens e quatro vezes mais nas mulheres, em relação à população não diabética. No caso dos AVC é o dobro no sexo feminino e três vezes superior no masculino.
As complicações macrovasculares incluem para além dos citados a doença vascular periférica, onde existe aterosclerose nas artérias das pernas e dos pés, que causam uma má circulação nestes territórios e ocasionam alguns problemas graves, que podem culminar na amputação de dedos ou membros, quando não vigiados de forma correcta e adequadamente tratados quando necessário. Estas complicações constituem, no seu todo, 75% das causas de morte nos diabéticos e correspondem a 75% dos custos de hospitalização em doentes diabéticos, incluindo internamentos por enfarte do miocárdio, insuficiência cardíaca, trombose, amputações, etc.
O aparecimento de doença coronária e o risco de ataques cardíacos aumenta muito quando à diabetes se associam outros factores de risco como as gorduras no sangue (colesterol e triglicéridos) elevadas, a hipertensão arterial, a obesidade e, em especial, o tabaco.
Estudos efectuados apontam para que o risco de um hipertenso por si só é 1.6 vezes o da população normal para a mesma idade. Se a isso se juntarem gorduras no sangue elevadas, o risco aumenta para 2 vezes e se também houver diabetes então o risco é 4 vezes superior, passando para 5 vezes o da referência normal se o doente ainda fumar.
É portanto essencial eliminar ou reduzir/controlar estes factores o mais possível. Controlar o colesterol e a tensão arterial, de acordo com os mais recentes ensaios efectuados em diabéticos, é tão importante como controlar a diabetes. Da mesma forma é indispensável perder peso, fazer exercício regular e deixar de fumar.
Ataques cardiacos
Um ataque cardíaco surge normalmente quando o sangue que irriga o coração fica "bloqueado".
Os vasos que alimentam o coração chamam-se artérias coronárias. Quando atingidas pela aterosclerose (placas de gordura que lentamente vão crescendo na parede) o lúmen do vaso vai progressivamente diminuindo, reduzindo ou "bloqueando" desse modo a passagem de sangue. Logo que essas lesões comprometem de forma significativa esta passagem (mais que 50% de obstrução), a alimentação dos tecidos com oxigénio fica diminuída e pode surgir uma angina de peito.
Se os vaso obstruírem por completo por um coágulo (trombo) em cima da lesão aterosclerótica existente, dá-se um enfarte do miocárdio e a parte do músculo cardíaco não irrigada "morre", a não ser que se consiga rápidamente restabelecer a circulação interrompida. Isso pode conseguir-se dissolvendo o trombo com determinadas drogas potentes ou desobstruindo a artéria com catéteres especiais com um balão insuflável. Quanto mais depressa tiver acesso a estas formas de tratamento, maior será a probabilidade de sobreviver e de ter um futuro sem complicações ou problemas.
A dor no peito é um sinal de alarme que revela sofrimento do músculo do seu coração (miocárdio) e deve imediatamente informar o seu médico ou se ela se prolongar por mais que meia hora recorrer a um hospital, para o diagnóstico e tratamento apropriados. No entanto, na diabetes nem sempre o sofrimento do músculo cardíaco acompanhado de dor, podendo haver apenas cansaço anormal ou falta de ar (dispneia) de início súbito, sensação de vómito ou desmaio.
No doente diabético, o prognóstico após um enfarte do miocárdio é menos favorável do que no não diabético. A mortalidade intra - hospitalar e a longo prazo é cerca do dobro e as complicações são mais frequentes e incapacitantes. Por isso, depois de um enfarte o tratamento e o controlo dos factores de risco é ainda mais importante do que no doente não diabético. Existem muitos elementos que comprovam a redução de complicações e de novos enfartes quando se segue criteriosamente a medicação prescrita pelo médico.
A doença coronária pode também ser tratada, para além do uso de medicamentos, com o recurso a intervenção por balão (angioplastia) ou à cirurgia coronária (bypass), quaisquer delas, no entanto, com risco superior ao dos doentes não diabéticos e resultados menos animadores a longo prazo.
Portanto, a melhor solução para lidar com estas complicações macrovasculares é evitar o mais possível o desenvolvimento da aterosclerose, através de um bom controlo dos factores precipitantes. Antes dos ataques cardíacos aparecerem como complicação no decurso da diabetes.
A Hipertensão arterial
A hipertensão e a diabetes são doenças inter-relacionadas que, se não tratadas, aumentam o risco de doença vascular aterosclerótica (enfartes do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais e doença dos membros inferiores). A hipertensão agrava ainda a microangiopatia, principalmente a nefropatia diabética, para a qual é um factor de risco maior. A hipertensão é duas vezes mais comum em diabéticos e aumenta com a idade. No momento do diagnóstico da diabetes, a hipertensão já existe em cerca de 40% dos doentes, o que sugere uma associação de mecanismos entre as duas: a obesidade e resistência à insulina levam à hipertensão e esta agrava aintolerância à glicose. Na maioria dos casos não se encontra uma causa para a hipertensão, é essencial (sem causa removível identificável), em particular na diabetes tipo 2.
Na diabetes tipo 1, é muitas vezes devida à nefropatia, que ocorre em uma de cada três pessoas diabéticas com mais de 15 anos de evolução de doença, contra apenas uma em cada cinco de diabéticos tipo 2.
Nos diabéticos, a hipertensão sistólica isolada (só elevação da TA máxima) é mais frequente que nos não diabéticos e constitui também, ao contrário do que se supunha anteriormente, um risco acrescido de complicações cardiovasculares, principalmente de acidente vascular cerebral (trombose ou hemorragia cerebral). Nos casos em que existe neuropatia concomitante, a pressão arterial é mais elevada na posição de decúbito (deitada) podendo haver baixa significativa dos valores ao passar para a posição de pé (hipotensão ortostática).
É muito importante definir grupos especiais de risco que têm a ver com a presença ou não de outros factores de risco, como a dislipidémia (alterações das gorduras no sangue), o tabaco, o excesso de peso e a inactividade física. Está provado que se conseguem reduções maiores do risco cardiovascular só deixando de fumar do que só tratando a hipertensão com drogas. A presença de proteínas na urina (proteinúria), mesmo em pequenas quantidades (microalbuminúria), é um marcador de risco ao qual deve ser dado a maior atenção e que deve fazer parte do controlo habitual do diabético hipertenso.
Os níveis de pressão arterial desejáveis no diabético são substancialmente inferiores ao da população em geral, 130/85 mmHg segundo as recomendações internacionais e com um máximo aceitável de 140/90 mmHg. Estas recomendações sugerem que a pressão arterial deve ser avaliada pelo menos de 3-3 meses, quando estabilizada e de forma mais frequente (uma ou duas vezes por semana) se estiver instável. O controlo deve ser feito em conjunção com o autocontrolo da diabetes já que valores elevados de glicémia ou de TA têm impacto recíproco. Hoje, pode-se ainda recorrer a aparelhos mais sofisticados de medição ambulatória de pressão arterial (MAPA) que permitem a avaliação ao longo de 24 horas ou mais, definição do perfil ao longo do dia e noite e correlacionar a pressão arterial com diversas actividades e a toma dos medicamentos.
As complicações tardias da diabetes - neuropatia periférica, arteriopatia e susceptibilidade às infecções - predispõem o diabético para o aparecimento de lesões nos pés que, por vezes podem ser graves.
Os doentes devem ser frequentemente avaliados através do exame clínico. A observação do pé deve ser sistemática, em cada consulta. Uma vez identificados os de maior risco, devem beneficiar de uma maior atenção no sentido de educação e vigilância destinadas a prevenir o aparecimento de lesões.
Os diabéticos com alto risco para o aparecimento de lesões nos pés são os que apresentam:
Não é a diabetes em si, mas sim as complicações da diabetes que fragilizam os pés.
Aas complicações são, por um lado a arteriopatia, isto é, alterações das paredes das artérias que levam o sangue e o oxigénio aos pés, e por outro, a neuropatia, ou seja, a lesão dos nervos dos pés e pernas.
Arteriopatia
A arteriopatia revela-se por vezes sob a forma de dor na barriga da perna durante a marcha. Tem-se uma sensação de "peso que corta", ao fim de algumas centenas de metros, aparecendo precocemente em subida e em marcha rápida. A dor obriga a suspender a marcha, desaparece em alguns minutos e é possível retomá-la.
Com frequência a arteriopatia do diabético é indolor. Manifesta-se clinicamente por uma diminuição ou ausência dos pulsos arteriais palpáveis ao nível do pé, a pele torna-se fina, frágil, sem pelos, enquanto as unhas se tornam espessas e quebradiças. Por vezes os pés estão mais frios que as pernas.
Neuropatia
Quando os nervos dos membros inferiores estão lesados pela diabetes perde-se a percepção ou sensibilidade ao nível dos pés, corre-se o risco de se ferir sem se aperceber. O próprio pode tentar avaliar a sensibilidade dos pés:
Diabéticos sem arteriopatia nem neuropatia
Caso não tenha arteriopatia, nem neuropatia isto é, se os pulsos forem amplos, se a sensibilidade for completamente normal, ainda que seja diabético, o risco é menor. Deve ter os normais cuidados de higiene dos pés.
Diabéticos com arteriopatia e/ou neuropatia
Se existirem lesões nas artérias e/ou nos nervos dos pés então existe risco podológico. Deve aprender a proteger os pés.
De facto, se perdeu a sensibilidade dos pés pode ferir-se sem se aperceber. Em vez de tirar imediatamente um corpo estranho caído dentro dos seus sapatos, ou um sapato que magoa, usa-os todo o dia, e o ferimento agrava-se. Na medida em que não provoca dor, a tendência será para subestimar a gravidade da lesão.
Não esqueça a máxima diabetológica: pé insensível = pé em risco
Apesar de todos estes riscos, os problemas graves dos pés não são inevitáveis! O ponto de partida é sempre uma ferida que não aparece espontaneamente e, portanto, pode ser evitada.
Aprenda a identificar os seis inimigos dos seus pés:
1. Primeiro, e antes de todos, os sapatos, e em particular os sapatos novos mal adaptados, muitas vezes demasiado apertados ou pontiagudos, ou então os sapatos de verão, amplamente abertos e que podem comportar corpos estranhos (pedras, areia) que podem ferir. Desconfie também dos sapatos demasiado velhos que são muitas vezes causas de ferimentos (pregos no interior, forros descolados, buracos nas solas). Quando o pé está fragilizado, uma costura muito saliente ou uma prega de uma meia roçando no pé podem-no ferir.
2. A calosidade (hiperqueratose). Forma-se ao nível dos pontos de apoio ou de atrito provocando zonas de endurecimento na planta do pé ou calos ao nível das articulações dos dedos. Entre os dedos, na zona de atrito entre duas articulações, pode formar-se um calo, que se chama "olho de perdiz". Ao nível do calcanhar, a calosidade é responsável por fissuras ou fendas que acabam por infectar. Estas calosidades, calos ou fissuras são muito dolorosas nas pessoas que não têm lesões dos nervos da sensibilidade. Ao contrário, nas pessoas diabéticas que têm neuropatia estas lesões são totalmente indolores. Elas vão ferir a camada subjacente, originando uma bolsa sob a pele que acaba por infectar, formando um abcesso.
3. As unhas. Podem ser muito espessas e ficar apertadas dentro dos sapatos. Podem estar mal cortadas, ameaçando o dedo vizinho. Podem estar demasiado cortadas, ferindo a pele. Quando estão encravadas são particularmente difíceis de cortar.
4. A micose interdigital. Tratam-se de fungos que se desenvolvem entre os dedos quando a pele fica macerada. Provocam uma inflamação (a pele fica avermelhada) e depois aparecem fissuras que abrem caminho aos micróbios. É esta maceração e a micose que originam o mau cheiro dos pés mal cuidados.
5. O quinto inimigo, são os diversos corpos estranhos que podem cair nos sapatos ou introduzir-se em sapatos abertos: areia, pregos, agulhas, fósforos, peças de Lego, cotonetes, vidros (todos estes objectos já foram encontrados dentro dos sapatos de diabéticos com neuropatia).
6. Por fim, um pé insensível pode ser queimado por uma botija de água quente, um cobertor eléctrico, um irradiador, uma lareira, pela água excessivamente quente do duche.
1. Antes de se deitar examine cuidadosamente os pés, não apenas o dorso mas também a planta e os espaços interdigitais.
2. Se não tem destreza articular suficiente para ver a planta dos pés utilize um espelho colocado em oblíquo, encostado ao rodapé.
3. Se não vê bem, outra pessoa deve fazer este exame diariamente.
4. Se descobrir uma ferida, mesmo pequena, deve lavá-la com água e sabão, procurar a causa desta lesão, colocar um penso sem adesivo colado à pele e consultar o seu médico o mais rapidamente possível
É difícil pensar que se deve tratar uma doença que não tem sintomas (ou em que estes não incomodam muito). Mas hoje existe a certeza de que a diabetes tipo 2 não tratada pode levar a:
Também se sabe que o tratamento da diabetes diminui a probabilidade de vir a ter estas complicações. É por este motivo que os médicos acham que se tem de tratar a diabetes.
O primeiro passo no tratamento da diabetes tipo 2 é o mais importante e depende exclusivamente do diabético. Implica uma alteração naquilo que come e quando come e na actividade física que efectua diariamente (o exercício regular - até o andar a pé, permite que o seu organismo aproveite melhor o açúcar que tem em circulação).
Muitas vezes este primeiro passo é o suficiente para manter a diabetes controlada (pelo menos durante algum tempo...).
Quando a diabetes não está controlada, apesar de o diabético cumprir estas regras, é necessário fazer o tratamento com comprimidos e, em certos casos, utilizar insulina.
Existem diferentes grupos de fármacos (comprimidos) com diferentes acções.
As Sulfonilureias constituem um dos grupos de fármacos utilizados nestas situações, vão actuar no pâncreas estimulando a produção de insulina.
A investigação laboratorial continua a procurar novos fármacos com outras características. como 2 novas substâncias de mecanismos semelhantes - repaglinide e nateglinide - que entraram recentemente no arsenal terapêutico.
Um outro grupo de comprimidos é constituído pelas Biguanidas, que não actuam directamente no pâncreas, mas sim noutros orgãos, facilitando a acção da insulina que se encontra em circulação (combatem a insulino-resistência).
O terceiro grupo de fármacos é constituido pelos inibidores das alfa-glucosidases. Os açúcares que comemos têm de ser digeridos até entrarem no sangue. Este processo de digestão começa na boca e acaba no intestino. Durante este trajecto os açúcares vão sendo transformados -através de enzimas - noutros mais fáceis de serem absorvidos. As alfa-glucosidases (no intestino) são as últimas enzimas deste processo. Se bloquearmos a sua acção, atrasamos a digestão e absorção de açúcares e diminuímos a elevação da glicémia que geralmente acontece após as refeições. É este o princípio em que se baseiam estes fármacos.
A terapêutica da diabetes tipo 2 tem recentemente mais um grupo de fármacos, os derivados das tiazolidinedionas ou glitazonas. A troglitazona a 1ª molécula deste grupo foi comercializada em alguns países americanos e asiáticos e já retirada mantendo-se a rosiglitazona e a pioglitazona. A sua comercialização nos países europeus foi atrasada após terem surgido alguns efeitos adversos na sua utilização sobretudo a nível hepático. Estas moléculas diminuem a insulino-resistência de um modo muito eficaz, facilitando a acção da insulina ao nível do fígado, músculos e tecido adiposo.
Os comprimidos são receitados pelo médico de acordo com o que ele acha mais adequado atendendo às características do diabético (idade, peso, programa alimentar, outras doenças associadas...)
Ao longo da vida do diabético há geralmente necessidade de ir alterando o número de comprimidos que toma. Por vezes é necessário trocar de medicamentos ou juntar outros.
Um diabético não deve alterar a medicação que faz sem consultar seu médico.
Ao tomar comprimidos para a diabetes não receitados pelo médico pode correr perigo de vida.
Acontece às vezes que apesar de fazer dieta, exercício e tomar comprimidos a diabetes não está controlada. Torna-se então necessário utilizar a insulina (sozinha ou juntando aos comprimidos). O diabético necessita de ter de aprender a utilizar a insulina. Parece ser um passo complicado mas depois de começar, até não é tão difícil!!!
Os doentes com diabetes tipo 1 podem ter uma vida saudável, plena e sem grandes limitações. Para tal é necessário fazerem o tratamento correctamente. O objectivo do tratamento é manter o açucar (glucose) no sangue o mais próximo possível dos valores normais (bom controlo da diabetes), de modo a:
1. Sentirem-se bem, isto é, sem nenhuns sintomas.
2. Prevenir o desenvolvimento das manifestações tardias da diabetes - doença nos olhos, rins, perda de sensibilidade e má circulação dos membros inferiores e doenças cardiovasculares (enfartes do miocárdio e tromboses cerebrais).
3. Diminuir o risco das descompensações agudas - hiperglicémia e cetoacidose.
O tratamento engloba:
1. Insulina
2. Alimentação
3. Exercício físico
4. "Educação do diabético" onde está englobada a auto-vigilância e o auto-controlo da diabetes através de testes ao sangue e nalguns casos de urina feitos diariamente pelo doente e que permitem o ajuste da dose de insulina e da alimentação.
Em termos práticos, a alimentação aumenta o açúcar no sangue (glicemia), enquanto a insulina e o exercício físico a diminuem. O bom controlo da diabetes resulta assim do balanço entre estes três factores.
Os testes feitos diariamente pelo doente (auto-controlo) informam-no se o açúcar no sangue está elevado, baixo ou normal e permitem-lhe adaptar se necessário os outros elementos do tratamento (alimentação / insulina / exercício físico).
Na diabetes tipo 1 ou insulino-dependente, as células do pâncreas que produzem insulina foram destruídas. Por este motivo o pâncreas produz muito pouca ou nenhuma insulina, e sem ela a vida não é possível. Como o próprio nome indica, o diabético insulino-dependente necessita da insulina para viver. A insulina é assim um tratamento imprescindível de substituição.
O tratamento com insulina é feito através de injecção na gordura por baixo da pele (subcutânea). Ainda não foi possível produzir uma forma de insulina que possa ser tomada por via oral visto que ela é destruída no estômago.
Tipos de insulina
A insulina pode ser obtida a partir do pâncreas do porco ou feita quimicamente identica à insulina humana por tecnologia do DNA recombinante ou modificação química da insulina do porco.
Em Portugal só é comercializada insulina igual à insulina humana, produzida por técnicas de engenharia genética, sendo as reacções alérgicas muito raras dada a sua grande pureza (não confundir insulina humana com insulina extraída de seres humanos).
Existem diversas concentrações de insulina. Em Portugal só está disponível a concentração U-100 (1 ml = 100 unidades). Noutros países há disponível concentrações de U-40 ou U-80.
As insulinas dividem-se, consoante:
- Início de acção - tempo que demora a insulina a actuar depois de injectada a começar a actuar (a de acção rápida, lenta ou intermédia);
- Pico máximo - período de tempo em quea insulina actua com maior actividade (maior capacidade de diminuição do açúcar no sangue);
- Duração de acção - tempo que a insulina actua no organismo.
Aparelhos de administração de insulina
A parede abdominal é o local de eleição para mais rápida absorção da insulina de acção rápida. É preferível nas injecções durante o dia.
A coxa utiliza-se preferencialmente para as injecções de insulina de acção intermédia, sendo a região das nádegas uma alternativa.
Dever-se-á proceder à rotação dos locais de injecção dentro das áreas, de pelo menos 3 cm relativamente à picada anterior, de modo a evitar a formação de nódulos (lipodistrofias)que poderão interferir na absorção da insulina.
Administrar insulina recém retirada do frigorifico causa uma sensação local desagradável mas, se o tiver de o fazer, aqueça-a, mantendo contacto da seringa ou caneta com as suas mãos durante alguns minutos até atingir a temperatura do seu corpo.
TopoA impotência é um problema importante, que embora oculto é muito mais comum do que o que se pensa. É um problema que gera angústia e preocupação em todo aquele que justificada o injustificadamente se considera vítima deste padecimento.
Estamos perante uma questão que afecta um número considerável de indivíduos, que gera problemas psicológicos e de relação severos e que, ao contrário do que habitualmente se pensa, tem possibilidades reais de tratamento e cura.
No homem com impotência a associação à ideia de falta de virilidade e o sentimento de vergonha ou culpa mediante temas relacionados com a sexualidade, fazem com que muitos impotentes, ou que se crêem ser, adoptem uma atitude resignada e fatalista mediante o seu problema, sem procurarem nenhum tipo de ajuda, ou recorrendo a certos medicamentos tradicionais, que longe de resolver o seu problema, tornam-no mais grave e conduzem a uma progressiva perda de esperança.
A impotência pode ter solução a maioria das vezes, mesmo naqueles casos em que não se identifica com clareza uma causa. Podemos hoje em dia aplicar tratamentos que melhoram em grande medida estas alterações. O resultado é a possibilidade de levar uma vida sexual satisfatória.
O orgão sexual masculino pode encontrar-se em dois estados:
1. Estado basal ou de relaxamento (flacidez) que é o habitual incluindo quando realiza a sua função de condutor de urina.
2. Estado de excitação ou erecção, relacionado directamente com a actividade sexual.
Nesta última forma o pénis aumenta de tamanho e consistência, de forma progressiva e ao longo de um tempo que pode ser muito variável. Torna-se mais rijo, eleva-se sobre o plano horizontal, colocando-se diante do abdómen e permitindo a penetração durante o acto sexual.
Denomina-se de impotência a impossibilidade de alcançar ou manter o estado de erecção suficiente para permitir uma relação sexual. Para se falar em impotência de facto, esta impossibilidade deve surgir em 75 % das vezes que se tenta a erecção. A utilização inadequada do termo impotência gera algumas confusões em pessoas que pensam sofrer dela e que na realidade têm outro tipo de alterações com repercussão na esfera sexual.
Assim a diminuição de desejo ou libido ou a ejaculação precoce são processos completamente distintos e que requerem outro tipo de tratamentos.
Como se produz a erecção?
Anatomia do pénis
No seu interior existem múltiplas cavidades constituídas por músculo liso e que se vão enchendo de sangue durante a erecção até alcançar a rigidez completa.
A erecção alcança-se graças á capacidade do pénis em se preencher de sangue. Estímulos múltiplos directos ou psicológicos podem pôr em marcha este mecanismo.
Todo o processo está controlado pelo sistema nervoso, havendo um componente consciente voluntário e outro inconsciente reflexo.
Normalmente o doente deverá ser remetido para o Urologista especialista neste campo. A este vai caber analisar, estudar o caso e propor a solução que a ele melhor se adapte.
Hoje em dia existem distintas opções de tratamento que permitem corrigir ou melhorar este problema em quase todos os doentes.
Assim temos:
1. Tratamento com hormonas se houver alguma deficiência.
2. Psicoterapia efectuada por Psicólogos especializados nesta área se a parte psicológica tiver um papel importante na disfunção.
3. Medicamentos existentes no mercado para o tratamento da impotência, que podem ser tomados por via oral. Exige algumas precauções na sua tomada sobretudo se há problemas cardíacos. No diabético parece ter resultado positivo em cerca de 40% dos casos. Outros medicamentos orais estão em estudo neste momento.
4. Auto-injecção no pénis de um medicamento (prostaglandina) que tem efeito local, com boa resposta em cerca de 80% dos casos, embora necessite de ser aplicado sempre que se pretende obter uma erecção.
5. Sistema de criação de vácuo é um cilindro de plástico conectado a uma bomba que gera vácuo; assim consegue-se a passagem de sangue para o pénis. Para a erecção se manter tem de se colocar um anel de borracha na base do pénis para evitar a fuga do sangue.
6. Próteses penianas - é considerada a última opção no tratamento da impotência apenas se usando quando falharam todas as outras. São uns cilindros de material biocompatível que por meio de uma cirurgia são colocados no interior dos corpos cavernosos do pénis. Existem vários tipos e algumas simulam mesmo a realidade tornando-se rígidas por activação de um mecanismo próprio.
A obesidade é um problema grave que afecta de modo crescente as sociedades contemporâneas ocidentais e que nos merece de todos a maior atenção. Conhecimentos sobre o tema constituem uma ferramenta importante para uma actuação correcta perante o mesmo.
A obesidade é o excesso de gordura acima do normal, facilmente identificado por todos. Tecnicamente para avaliarmos se uma pessoa é obesa utilizamos o Índice de Massa Corporal (IMC), o qual é obtido pela divisão do peso em quilos pelo quadrado da altura em metros. Se o valor obtido for superior a trinta, então estamos perante uma situação de obesidade.
IMC= Peso (m)
Altura2 (cm)
Por exemplo: para uma pessoa de 70 kg e 1,70 m de altura, o IMC calcula-se do seguinte modo:
IMC = 70/(1,70 x 1,70) = 24,22
A obesidade surge quando ingerimos mais calorias do que aquelas que gastamos e não praticamos exercício físico regular. Actualmente a OMS (Organização mundial de Saúde), que elaborou um relatório sobre obesidade, classificou este problema como the new world syndrome e considerou-o decorrente da globalização que, ao provocar uma uniformização informativa e cultural, implica uma produção de alimentos uniforme e centralizada e a um estabelecimento de modas alimentares. As pessoas comem todas o mesmo e da mesma maneira e a moda são as refeições hipercalóricas que estão formatadas de acordo com uma filosofia comercial que pretende captar e seduzir o nosso paladar da maneira mais fácil e imediata: bolos, batatas fritas, fritos em geral, gelados, bolos, sobremesas diversas, etc. são uma tentação permanente e omnipresente.
Para além do nosso estilo de vida predispor a obesidade; há ainda factores genéticos envolvidos, cujo mecanismo de intervenção neste processo está em avaliação.
Para quem, por imperativos profissionais, tem necessidade de "comer fora", as seguintes regras são de grande utilidade:
Muitas doenças estão associadas ou são uma consequência da obesidade: hipertensão arterial, colesterol e triglicéridos elevados, diabetes, doença coronária (cardíaca), doença vascular, fígado gordo e doenças osteoarticulares são algumas delas. Se a obesidade exige intervenção de um especialista, então no caso em que já lhe estão associadas complicações, a vigilância médica é absolutamente indispensável.
As duas armas cruciais para prevenir o excesso de peso ou a obesidade, são um estilo de vida activo e uma alimentação cuidada. Para cumprir estes requisitos devemos portanto:
Se tem peso a mais e o seu médico o aconselhou a perder peso, torna-se necessário que, com a urgência que o caso exija, tome medidas para evitar possíveis complicações.
É importante que a perda de peso se faça de uma forma saudável e gradual e que o peso saudável atingido se mantenha. Variações bruscas de peso são indesejáveis. Munido da necessária "força de vontade", o tratamento da obesidade faz-se através de uma dieta personalizada.
Quando há necessidade o médico pode entender adequado recorrer medicamentos a intervenção cirúrgica.
A pílula anticoncepcional é constituída por estrogénios (20 - 100 mg por comprimido) e progestativos que são as hormonas do ciclo menstrual.
Estas duas substâncias têm a particularidade de poder implicar em algumas mulheres:
As pílulas da "nova geração" minoram estas queixas tendo em consideração que apresentam dosagens muito inferiores ás pílulas "antigas". Pode optar - com o conhecimento do seu médico - pela utilização da micro-pílula com uma só substancia e de baixa dosagem - tem é que a tomar sempre a horas certas, mesmo durante o período menstrual.
O peso é influenciado por factores físicos e psicológicos, pelo estado de saúde, pela alimentação praticada e pela energia despendida.
Se considera existirem alterações no seu peso, terá de cumprir duas etapas fundamentais:
O peso que as pessoas entendem ser ideal para si, não é necessariamente o peso que devem ter para garantir uma vida saudável.
Por esta razão, antes de iniciar uma dieta, deverá consultar o médico endocrinologista. Este determinará a melhor maneira de corrigir os erros alimentares e implementará uma dieta adequada ao seu organismo.
Apesar não se poder falar em peso ideal absoluto, há processos de cálculo de um intervalo de valores, dentro dos quais se deverá situar o seu peso correcto.
TopoOs programas de perda de peso pressupõem a escolha condicionada de alimentos e a prática de exercício físico, frequentemente associados a alterações comportamentais, educação nutricional e apoio psicológico.
Quando esta estratégia global falha - não se verifica a redução da gordura corporal, pode recorrer-se à terapêutica medicamentosa e, se for caso disso, à intervenção cirúrgica.
A implementação de dietas equilibradas constitui o método mais simples de perda de peso corporal.
A dieta deverá ser nutricionalmente adequada com um aumento energético limitado, para obrigar a usar as gorduras entretanto armazenadas na satisfação das necessidades energéticas diárias.
Quantitativamente, a restrição escolhida varia com as características e actividades particulares dos indivíduos, mas podem-se considerar 3 categorias restritivas:
Independentemente do patamar de restrição seleccionado, não se dispensa a alimentação saudável, acompanhada pela prática de exercício físico.
Para as duas primeiras opções apresentadas, considera-se adequado um esquema em que os hidratos de carbono correspondam a 50-55% do total diário de Kcal, as proteínas contribuam com cerca de 15-25% desse total (para que sejam exoneradas de aproveitamento para a produção de energia)e, as gorduras não devam exceder os 30%.
A inclusão de uma dose extra de fibra é recomendada para reduzir a densidade calórica, promover a saciedade (ao atrasar o esvaziamento gástrico) e minorar a eficiência da absorção intestinal.
Há quem proponha outras modalidades para esta distribuição. Assim, por ex., a restrição das gorduras a 10% do total de Kcal diárias e a ocupação de 80% pelos hidratos de carbono, conduz a uma perda de peso rápida.
Atendendo a que a gordura disponibiliza mais do dobro da energia por grama que os hidratos de carbono ou as proteínas (9 Kcal versus 4 Kcal), uma dieta eficiente será aquela em que é controlada a ingestão de gorduras.
Para além da sua riqueza energética, a gordura fomenta ainda o tecido adiposo (chamado efeito lipogénico).
As vitaminas e os minerais continuam a ser indispensáveis em quantidade suficientes para satisfazer cabalmente as DDRs ( Doses Diárias Recomendadas).
O condicionamento do consumo de álcool e de alimentos com elevadas quantidades de açúcar resulta do facto de estes se perfilarem como dispensadores supérfluos de energia.
O álcool, que constitui cerca de 10% da dieta de consumidores regulares, fornece 7 Kcal/g, comportando-se como as gorduras ao impedi-las de serem utilizadas.
Quanto aos adoçantes artificiais, não há evidência científica que demonstre que a sua utilização reduza a ingestão de alimentos ou resulte em perda de peso.
1. Se não é possível alterar a herança genética, deve-se intervir sobretudo ao nível dos hábitos alimentares e do estilo de vida, para os tornar mais saudáveis.
2. É muito importante combater o sedentarismo, promovendo a actividade física regular, para um maior consumo energético. Deve-se escolher uma actividade de acordo com as capacidades físicas e gostos: andar a pé, nadar, dançar, correr, bicicleta, etc..
3. Optar por uma alimentação saudável, variada e agradável, mas restritiva, isto é, hipocalórica. Para tal, há que reduzir ou abolir os alimentos mais ricos em calorias: açúcares e doces, bebidas alcoólicas e gorduras.
4. É preferível o peixe à carne. As carnes brancas são preferíveis às vermelhas. Para acompanhamento, sugerem-se hortaliças e legumes cozidos ou crus, sempre que possível sob a forma de sopa precedendo o prato principal. Frutas e farináceos devem ser consumidos em quantidades moderadas. A água e o leite pois são bebidas indispensáveis. É importante dividir as refeições e ir comendo várias vezes ao longo do dia.
5. Vigiar o peso regularmente.
6. Os aspectos psicológicos resultantes de carências afectivas, stress, ansiedade, instabilidade, insegurança, etc., podem levar algumas pessoas a comer em excesso. Por isso, no combate à obesidade, esses problemas devem ser detectados e resolvidos.
Perda de peso: velocidade e quantidade
Uma perda de peso corporal sustentada e constante, durante longos períodos, favorece a perda de gorduras e limita a perda de proteínas.
O médico vai ajudar a estabelecer objectivos concretos a uma velocidade de perda que considere indicada para a manutenção da saúde.
Cada vez mais surgem novas estratégias, por vezes bizarras, de perda de peso. Apesar da fiabilidade de alguns destes programas, a maioria dá ênfase a fórmulas que garantem emagrecimentos imediatos com um esforço mínimo.
Frequentemente estas dietas provocam carências nutricionais graves, estendidas por períodos de tempo por vezes longos. Os seus efeitos potencialmente negativos acabam por não se verificar, já que muitos destes programas são abandonados algum tempo após o seu início.
Tome atenção às ofertas apontadas e consulte o médico.
A obesidade nas crianças está a tornar-se num alarmante problema de saúde pública comum nas sociedades desenvolvidas.
Nos EUA, por exemplo, multiplicam-se os estudos de prospecção da dimensão do problema: o inquérito NHANES III, usando o IMC como critério, documentou uma prevalência de obesidade nas crianças da ordem dos 11 - 14%. o Sistema de Vigilância de Nutrição Pediátrica, tomando como critério a relação peso-altura, concluiu que entre as crianças desfavorecidas, com menos de 5 anos, 10 a 22% são obesas.
Outros estudos revelam que a obesidade atinge 3 em cada 10 crianças dos 6 aos 11 anos.
Esta tendência está a crescer não só nos EUA mas também na Europa, onde o problema se coloca com crescente acuidade.
Para resolver o problema, é necessário identificar as suas causas e a partir daí, definir as metodologias eficazes para o seu combate.
Para detectar precocemente o risco da obesidade, é preciso interpretá-lo em função da idade e da estatura da criança.
O IMC - Índice de Massa Corporal - permite avaliar se a criança apresenta o peso certo em função da altura.
A fórmula para efectuar o seu cálculo é a seguinte:
(peso)/(altura)2
A televisão e a obesidade infantil
Soa estranho dizer que a televisão faz engordar. No entanto, o hábito de passar horas consecutivas em frente ao ecrã explica a maior predisposição para a obesidade:
1) A exposição continuada a publicidade a alimentos, designadamente aqueles que são ricos em gordura e açúcar (ex.: doces);
2) A tendência para se ir comendo enquanto se está sentado em frente do ecrã (45% das pessoas comem enquanto assistem a programas);
3) As horas de sono que são perdidas por causa do vício do pequeno ecrã, desencadeiam determinados distúrbios que afectam a hormona do crescimento;
4) A atracção exercida pela televisão acaba por retirar motivação para outras actividades, nomeadamente o exercício físico.
As crianças devem ser levadas a descobrir outras fontes de entretenimento para além da TV, dos jogos de computador, consolas, etc..
Estudos científicos sugerem que naquelas que estão mais de 4 horas a ver televisão, a respectiva taxa metabólica tende a diminuir, enquanto o colesterol sobe para níveis demasiado elevados.
Factores genéticos como causa
Crianças pertencentes à mesma família podem ter uma diferente predisposição para a obesidade atendendo por um lado, à carga genética (o corpo das crianças predispostas utiliza menos calorias para funcionar, pelo que terão de comer menos ou movimentar-se mais) e por outro, aos hábitos alimentares e à prática de exercício físico.
Os pais como causa
A maioria das crianças é capaz de adaptar, desde muito cedo, a ingestão dos alimentos ás necessidades dos seu organismo, não comendo nem mais nem menos do que o que precisa. Não se preocupe, portanto, em restringir o aporte de alimentos das crianças com o pretxto de que não poderão comer para não engordar.
Além disso os pais podem descontrolar esta capacidade natural da criança para comer consoante as necessidades se não tiverem, por ex., uma postura correcta perante as suas exigências afectivas.
Se a cada crise de choro, por ex., a criança for compensada com comida, passa a considerar esta uma forma de resposta ás suas necessidades de afecto, perpetuando esse hábito e portanto comendo sem fome.
Cabe aos pais encontrar um ponto de equilíbrio no que toca ao consumo de doces e outros alimentis não essenciais, sem cair em atitudes extremas, seja por excesso ou por defeito.
Só restringindo se consegue contrariar a gulodice e a sensação de indiferença (que a criança pode sentir se for comendo o que quiser, quando lhe apetecer).
Não é adequado controlar fanaticamente os seus hábitos alimentares, sob pena da criança não chegar a entender os conceitos da alimentação saudável.
A obesidade e o insucesso escolar
O insucesso escolar pode ser um motivo para comer como mecanismo de compensação. O inverso também é verdade, isto é, num mundo onde se cultiva a estética da elegância e do sucesso, a obesidade pode ser factor de depreciação por parte dos colegas e esta fonte de insucesso escolar.
Classe social como causa
As crianças de classes sociais menos favorecidas, apresentam uma predisposição para o excesso de peso devido a diversas razões:
1) o alimento sustenta o corpo é um conceito sobrevalorizado
2) Falta de noções nutricionais correctas;
3) Limitações no orçamento familiar que condicionam a escolha dos alimentos;
4) Menos actividades desportivas paralelas.
TopoAntes iniciar um regime de emagrecimento, deve-se consultar o pediatra. Cabe-lhe:
Regras para combater a obesidade infantil
Seguir os princípios para uma alimentação saudável:
Emagrecer uma criança obesa antes dos 6 anos
Deve-se escolher criteriosamente os alimentos mais indicados para sua alimentação sem a preocupação excessiva de limitar as quantidades. Porquê?
Porque estas crianças geralmente comem poucos alimentos ricos em glícidos (pão, farináceos, fruta), mas abusam dos alimentos doces e gordos (óleos, fritos, batatas, doces, carnes gordas, etc). Assim, o mais importante é vigiar a ingestão desses alimentos.
A criança deverá comer pão, farináceos, legumes, leite, frutas, peixe, carne, ovos de acordo com a sua fome.
Os alimentos devem ser cozinhados com pouca gordura, evitando a de má qualidade.
Emagrecer uma criança obesa depois dos 6 anos
Se a criança se torna obesa depois dos 6 anos, é conveniente introduzir uma alimentação mais racional e aumentar a actividade física em vez de se optar por regimes demasiado austeros.
Ajuda da família
São diversos os alimentos que não devem existir em casa (doces, bebidas açucaradas, gorduras, etc.). Além disso, como para emagrecer, a criança tem estar motivada, é necessário encontrar um equilíbrio entre firmeza (ao introduzir o novo regime) e diálogo.
Quando recorrer ao psiquiatra
A alimentação poderá ser um método de aliviar a tensão, o tédio ou a falta de comunicação com família e/ou os colegas de escola e assim compensar o baixo rendimento escolar, etc..
Este assunto deverá ser debatido com o pediatra da criança. Ele saberá se vale a pena levar a criança ao psiquiatra, para efeitos de terapia familiar ou comportamental.
Há problemas ( HTA, a diabetes ou o colesterol) que raramente se manifestam nas crianças obesas. No entanto, muitas vezes estas sentem dificuldade em respirar, dores articulares (pés, joelhos e costas), etc..
Psicologicamente debilitada (pela discriminação, baixa auto-estima e dificuldade de socializar), a criança tenderá a movimentar-se menos e a engordar mais facilmente. Se engordar demais irá mexe-se menos e assim sucessivamente. A criança entra num perigoso círculo vicioso que deve ser interrompido.
O principal risco da obesidade é a sua persistência na idade adulta. 40% das crianças obesas aos 7 anos e 60% dos adolescentes obesos, também o serão no futuro. Aliás um dos factores críticos é a idade de ocorrência do "ressalto" de tecido adiposo assim como a permanência de obesidade na adolescência.
A obesidade prolonga-se mais frequentemente na idade adulta nos rapazes que na meninas, pelo que estes deverão ser alvo de especial atenção.
Além disso a presença de excesso de peso na adolescência eleva o risco de morte precoce de determinadas doenças na idade adulta (cancro, enfarte, AVC), mesmo que nessa altura o peso regresse ao normal.
Nas meninas com a puberdade, o ciclo praticamente começa do zero: uma rapariga obesa pode tornar-se normal e uma magra pode ficar obesa.
TopoÉ uma forma de cefaleia que atinge actualmente 10 a 15% da população adulta em todo o mundo, o equivalente a cerca de 600 milhões de pessoas. Esta perturbação pode chegar a comprometer seriamente o desenvolvimento normal das actividades laborais, escolares, domésticas, sociais e os tempos livres.
De facto, a natureza incapacitante da perturbação, a presença prolongada dos sintomas e a imprevisibilidade das crises têm um forte impacto sobre a qualidade de vida. Esta incapacidade psicológica e funcional persiste não apenas durante a crise, mas também nos períodos entre crises, pois é determinada pela preocupação de não saber quando ocorrerá a crise seguinte. Na prática, pode dar lugar a um fenómeno definido por "círculo vicioso"
Independentemente da forma como se manifesta, todos a definem geralmente como "dor de cabeça". Porém, na realidade, a doença assume um nome diferente conforme as características específicas da dor.
Para melhor definir este conceito, a Sociedade Internacional de Cefaleias catalogou diversas formas clínicas de cefaleia que, por sua vez, se agrupam em cefaleias primárias e secundárias.
São todas as que não dependem de nenhuma doença existente, ou seja, são autónomas e apresentam dores ou distúrbios locais e/ou mal-estar geral. Destas fazem parte:
a) a enxaqueca (que representa a forma mais comum)
b) a cefaleia de tensão
c) a cefaleia em "cluster"
a) A enxaqueca manifesta-se com uma dor latejante, de média ou forte intensidade, que pode atingir apenas uma parte do crânio, mas que pode estar localizada na nuca ou ser difusa, com duração variável entre poucas horas e três dias. Pode ainda ser antecedida de sintomas visíveis, chamados aura (visão enevoada, aparecimento de relâmpagos de luzes coloridas) e acompanhada de náuseas, vómitos, intolerância à luz (fotofobia) e aos sons (fonofobia). As cefaleias de tipo "enxaqueca" pioram quase sempre com a actividade física, ainda que ligeira, como por exemplo caminhar.
b) A cefaleia de tensão surge lentamente e provoca uma dor opressiva, de "capacete", por vezes acompanhada de náuseas, que abrange toda a cabeça. Relativamente à enxaqueca, a intensidade da dor é menor. A cefaleia de tensão pode ser episódica ou crónica se a dor estiver presente durante mais de 180 dias por ano ou 15 dias por mês.
c) A forma mais rara de cefaleia é a cefaleia em "cluster", caracterizada por dor intensa, semelhante a um óculo colocado dentro do olho e que penetra até ao cérebro. Atinge de forma prevalente os homens e afecta apenas um dos lados do rosto. A dor pode ser associada a vermelhidão de um olho, com lacrimejo e congestão nasal. As crises podem durar de 15 a 180 minutos, ocorrer várias vezes por dia e durante períodos de 30 a 40 dias consecutivos. As raras mulheres que sofrem destas cefaleias (cefaleia do suicídio) afirmam que a intensidade da dor é superior à do parto.
São o reflexo de uma patologia existente e a sua frequência ronda os 15 a 20% de todos os casos de cefaleia persistente. É indispensável diagnosticá-la com precisão, pois só melhora ou desaparece se a doença de que é manifestação for identificada e eliminada.
Entre as doenças que podem desencadear a cefaleia incluem-se a hipertensão arterial, a insuficiência hepática, renal ou pulmonar, a anemia, as intoxicações agudas ou crónicas, as doenças ósseas e articulares do crânio e do pescoço (artrose cervical), as doenças oftálmicas (como o glaucoma ou o estrabismo) e do nariz (sinusite), as doenças da boca e dos dentes (especialmente as cáries), da garganta (faringite, bronquite), dos ouvidos (otite) e as perturbações digestivas. A cefaleia por abuso de analgésicos também é bastante frequente.
Aparecimento
Geralmente, a enxaqueca manifesta-se pela primeira vez por volta dos 20 anos podendo, porém, ter início durante a infância. Os estudos sobre a enxaqueca demonstraram uma forte relação entre o sexo e a idade. Até à puberdade, a percentagem de homens e mulheres que sofre de enxaquecas é semelhante. No entanto, após o aparecimento da primeira menstruação, o número de mulheres que sofre de enxaqueca aumenta relativamente aos homens até se tornar, na idade reprodutiva, três vezes mais comum nas mulheres. Todavia, estatísticas recentes demonstram que a percentagem de homens atingidos pela enxaqueca está a aumentar. Os homens sofrem mais frequentemente do que as mulheres de enxaqueca com aura, podendo ser atingidos mais facilmente por crises de enxaquecas ao fim de semana, que podem dever-se a um conjunto de factores, entre os quais o relaxamento depois do stress laboral, a hora do despertar e um menor consumo de cafeína. Cerca de metade dos homens que sofrem de enxaqueca são atingidos por mais de uma crise por mês e, durante esta crise, 82% dos homens ficam limitados nas suas actividades diárias normais.
Como se manifesta
A enxaqueca pode ser classificada de dois modos
Enxaqueca sem aura
Quem sofre desta doença tem normalmente cefaleias que duram de 4 a 72 horas, acompanhadas de náuseas e de um aumento da fotosensibilidade e/ou da fonosensibilidade, que podem recorrer (na prática, ter "recaídas") algumas horas após o fim do efeito do fármaco.
Enxaqueca com aura
Também conhecida por enxaqueca "clássica", é antecedida por um distúrbio neurológico, caracterizado por alterações dos campos visuais, como o aparecimento perante os olhos de relâmpagos de luzes coloridas e enevoamento da vista. Por vezes, o campo visual pode estreitar-se, dando a sensação de se estar a olhar por um óculo. Além disso, podem estar presentes perturbações neurológicas, como formigueiro ou entorpecimento das mãos e dos pés. Geralmente, os sintomas desenvolvem-se gradualmente num período de 5 a 20 minutos, não durando normalmente mais de 60 minutos. Na hora que antecede o aparecimento dos sintomas neurológicos da aura, surgem frequentemente cefaleias, náuseas, fotofobia.
A crise de enxaqueca pode subdividir-se em 4 fases bem distintas, todas elas correspondentes a situações fisiológicas e clínicas diversificadas:
Fase 1: apresenta-se com sintomas premonitórios, ou seja, sensação de torpor e bocejos frequentes, irritabilidade, aborrecimento, por vezes dificuldade de expressão, sensação de fome de alimentos doces (sobretudo chocolate), que podem antecipar a crise até 24 horas.
Fase 2 ou de aura: presente em 10 a 15% dos casos, manifesta-se com perturbações visuais (relâmpagos e escotomas de não visão), formigueiro, diminuição da sensibilidade cutânea, deficiência de coordenação da fala e lentidão do raciocínio psíquico ou mental. Estes sintomas regridem lentamente, dando lugar a uma dor aguda.
Fase 3 ou de cefaleia: é o momento da dor, que atinge um dos lados da cabeça e surge frequentemente associada a náuseas, vómitos, fotofobia e sensação de mal-estar geral. A cefaleia, além disso, agudiza-se com o movimento e os esforços físicos, ainda que ligeiros. Esta fase dura entre 4 a 72 horas.
Fase 4 ou de remissão: passada a dor, segue-se uma sensação de vazio e prostração física e mental.
Em síntese, a enxaqueca tem características bem definidas, que podem resumir-se do seguinte modo: